Do UOL, em São Paulo
O aplicativo da Uber pode começar a "prever" crimes antes que eles sejam cometidos. Sim, você não entendeu errado: a empresa vai passar a implantar técnicas de aprendizado de máquina e inteligência artificial para "antecipar e reduzir a probabilidade de incidentes de segurança".
A tecnologia, que parece ter saído do filme Minority Report, vai contar com um algoritmo para identificar possíveis viagens de risco e bloqueá-las antes que o motorista pegue o passageiro. Segundo a empresa, a ferramenta foi desenvolvida por uma equipe de cientistas de dados, engenheiros e especialistas.
Os algoritmos envolvidos na análise da viagem aprendem de forma automatizada a partir dos dados envolvidos em um pedido de corrida. As viagens que têm potencial de serem arriscadas são bloqueadas a não ser que o usuário forneça detalhes adicionais de identificação na plataforma.
Durante qualquer viagem com a Uber, são coletados diversos dados que são utilizados para essa análise do algoritmo. Até mesmo comentários feitos no aplicativo, seja por motoristas ou usuários, são usados nessa análise. A tecnologia vai utlizar, então, viagens anteriores para ter uma compreensão mais abrangente do cenário de segurança.
A Uber explicou ao UOL Tecnologia que vários fatores serão levados em conta, mas os mais importantes são horário, localização, histórico do usuário e forma de pagamento. O algoritmo ainda também identifica uma repetição de padrões nas corridas que podem acontecer em casos de assaltos.
Um exemplo é um usuário com apenas uma viagem no histórico pedir um carro em uma área perigosa, às duas da manhã, com pagamento em dinheiro. Caso a viagem seja bloqueada, o usuário pode ter que fornecer mais informações (como outras formas de pagamento ou comprovantes de pagamento) e o app fará uma segunda checagem do usuário, como conferência de CPF.
Ao UOL Tecnologia, a Uber disse que não fará bloqueio de áreas e não quer que a tecnologia afete periferias por serem "áreas muito importantes para a Uber", mas que possíveis alterações podem acontecer se um comportamento padrão for identificado em algum local. Usuários novos também podem ser prejudicados por não terem histórico de corridas – a dica, então, seria pedir carros em outros horários e lugares.
Ajudar a polícia a resolver crimes
Presente na Feira Internacional de Segurança Pública e Corporativa (LAAD) que ocorre em São Paulo, a Uber também tem dado exemplos de como pode auxiliar autoridades a solucionar crimes locais. Um citado é o caso de 2017, em que a empresa identificou dez motoristas que estavam próximos à Ponte de Westminster quando um terrorista atropelou um grupo de pessoas.
Os motoristas da Uber viraram testemunhas-chave no caso para encontrar o criminosos. Soluções como essa podem vir ao Brasil para auxiliar a resolução de crimes que ocorrem nas ruas.
Tecnologias empregadas na solução de crimes têm se tornado uma tendência. No Estados Unidos, a polícia já expediu mandados de busca para o Google para obter dados de celulares de usuários que estavam no determinado raio onde um crime foi cometido. Policiais também já solicitaram à Amazon que dados de voz coletados pela Alexa fossem repassados em uma investigação.