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A história de um turista alemão visto sempre a vagar em situação de vulnerabilidade no Aeroporto Internacional do Recife/Guararapes - Gilberto Freyre, no bairro da Imbiribeira, espalhou-se entre os trabalhadores do lugar assim como o vazio provocado pela pandemia do novo coronavírus. A cena se repete há pelo menos três meses, quando se deu o início das primeiras medidas de isolamento social no estado. Taxistas costumam oferecer alimentação ao homem. Segundo contam, o estrangeiro emagreceu muito desde a chegada ao aeroporto. Quando quer dormir, E.H., 35 anos, procura o estacionamento.
Quase sempre sozinho, o alemão também costuma ser visto com os pés descalços, uma calça preta social arregaçada na altura da canela - a mesma de três meses atrás - e uma blusa social azul, presenteada há alguns dias para substituir uma vermelha, já bastante usada. “Ele está assustado e parece não estar bem. Tenho muita pena dele. Do que pode acontecer”, diz uma funcionária do aeroporto, que pediu para não ser identificada.
Um motorista de táxi contou que E.H. tinha bens de valor, como celular, e dinheiro, assim que chegou ao aeroporto. Mas teria perdido tudo. “Ele veio fazer turismo. A gente ajuda como pode, com cigarros e quentinhas. Demos máscaras também para ele se proteger, mas ele não usa.”
Um outro funcionário, que também pediu para não ser identificado, afirmou que o alemão teria entrado em crise no momento do embarque e, desde então, permaneceu no aeroporto. O Diario tentou falar com o estrangeiro, mas não avançou na conversa. Ele chegou a mostrar à equipe o passaporte.
A Aena, que administra o Aeroporto do Recife, informou, em nota, que “cidadãos estrangeiros devem recorrer ao consulado ou embaixada de seus respectivos países em caso de necessidade. Os administradores aeroportuários não têm poder de atuação consular ou policial para interferir na situação de qualquer cidadão”.
Em janeiro, 903 mil pessoas circularam no aeroporto, segundo a Aena. Em maio, o movimento caiu para 59 mil pessoas por conta da pandemia. Em 2013, o Diario contou a história de quatro pessoas que viviam a vagar no aeroporto. A matéria Viagem ao mundo que ninguém vê foi publicada no dia 5 de maio daquele ano após uma apuração de várias semanas. Todos os personagens ouvidos faziam do aeroporto um lugar de lembranças, traumas e buscas. Ainda hoje o cenário se repete. Por se tratar de lugar considerado público, essas pessoas não são impedidas de permanecer.
O Consulado Geral da Alemanha no Recife informou, através da assessoria de imprensa, que acompanha o caso de E.H.. Também afirmou ter entrado em contato com o alemão, com outras pessoas envolvidas no caso e com órgãos na Alemanha. O problema, de acordo com a assessoria, é que E.H. diz não desejar voltar para casa. A respeito de um suposto problema mental, o consulado disse que não pode se pronunciar sobre o assunto. Se o alemão deseja permanecer, o órgão consular informou que não pode interferir, ou seja, não pode obrigá-lo a voltar ao país de origem.
A delegada da Polícia Federal, Luciana Martorelli, chefe da Imigração, disse que, se o alemão está no país legalmente, seja na condição de turista ou porque a permanência dele foi deferida por ter filho ou companheira na região, por exemplo, ele tem o direito de permanecer. “Se ele está legalizado, vagar não é crime. Se ele tem algum desequilíbrio mental, trata-se de um caso de atendimento de saúde e não de polícia.”
A delegada disse, ainda, que se o alemão está irregular no país, ele deve ser notificado para deixar o Brasil. Nesse caso, depois de notificado, tem 60 dias para se defender. Após o prazo, ele pode ser deportado compulsoriamente. A delegada disse que não pode informar se E.H. foi notificado pela PF.
A assessoria da Secretaria de Saúde do Recife informou que as equipes do Consultório na Rua acompanham o alemão, “mas não foi identificada nenhuma necessidade específica de assistência à saúde dele.”
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Quase sempre sozinho, o alemão também costuma ser visto com os pés descalços, uma calça preta social arregaçada na altura da canela - a mesma de três meses atrás - e uma blusa social azul, presenteada há alguns dias para substituir uma vermelha, já bastante usada. “Ele está assustado e parece não estar bem. Tenho muita pena dele. Do que pode acontecer”, diz uma funcionária do aeroporto, que pediu para não ser identificada.
Um motorista de táxi contou que E.H. tinha bens de valor, como celular, e dinheiro, assim que chegou ao aeroporto. Mas teria perdido tudo. “Ele veio fazer turismo. A gente ajuda como pode, com cigarros e quentinhas. Demos máscaras também para ele se proteger, mas ele não usa.”
Um outro funcionário, que também pediu para não ser identificado, afirmou que o alemão teria entrado em crise no momento do embarque e, desde então, permaneceu no aeroporto. O Diario tentou falar com o estrangeiro, mas não avançou na conversa. Ele chegou a mostrar à equipe o passaporte.
A Aena, que administra o Aeroporto do Recife, informou, em nota, que “cidadãos estrangeiros devem recorrer ao consulado ou embaixada de seus respectivos países em caso de necessidade. Os administradores aeroportuários não têm poder de atuação consular ou policial para interferir na situação de qualquer cidadão”.
Em janeiro, 903 mil pessoas circularam no aeroporto, segundo a Aena. Em maio, o movimento caiu para 59 mil pessoas por conta da pandemia. Em 2013, o Diario contou a história de quatro pessoas que viviam a vagar no aeroporto. A matéria Viagem ao mundo que ninguém vê foi publicada no dia 5 de maio daquele ano após uma apuração de várias semanas. Todos os personagens ouvidos faziam do aeroporto um lugar de lembranças, traumas e buscas. Ainda hoje o cenário se repete. Por se tratar de lugar considerado público, essas pessoas não são impedidas de permanecer.
O Consulado Geral da Alemanha no Recife informou, através da assessoria de imprensa, que acompanha o caso de E.H.. Também afirmou ter entrado em contato com o alemão, com outras pessoas envolvidas no caso e com órgãos na Alemanha. O problema, de acordo com a assessoria, é que E.H. diz não desejar voltar para casa. A respeito de um suposto problema mental, o consulado disse que não pode se pronunciar sobre o assunto. Se o alemão deseja permanecer, o órgão consular informou que não pode interferir, ou seja, não pode obrigá-lo a voltar ao país de origem.
A delegada da Polícia Federal, Luciana Martorelli, chefe da Imigração, disse que, se o alemão está no país legalmente, seja na condição de turista ou porque a permanência dele foi deferida por ter filho ou companheira na região, por exemplo, ele tem o direito de permanecer. “Se ele está legalizado, vagar não é crime. Se ele tem algum desequilíbrio mental, trata-se de um caso de atendimento de saúde e não de polícia.”
A delegada disse, ainda, que se o alemão está irregular no país, ele deve ser notificado para deixar o Brasil. Nesse caso, depois de notificado, tem 60 dias para se defender. Após o prazo, ele pode ser deportado compulsoriamente. A delegada disse que não pode informar se E.H. foi notificado pela PF.
A assessoria da Secretaria de Saúde do Recife informou que as equipes do Consultório na Rua acompanham o alemão, “mas não foi identificada nenhuma necessidade específica de assistência à saúde dele.”