INCLUSÃO
Mutirões, pelo temor de retrocessos, surgiram após a vitória de Jair Bolsonaro
Uma rede de apoio à realização de casamentos de pessoas LGBT começou a ganhar corpo em todo o Brasil após as últimas eleições. O movimento surge diante da possibilidade de retrocessos nos direitos dessa população com a chegada de Jair Bolsonaro à Presidência da República, político conhecido pelo seu perfil conservador. O casamento garante benefícios como pensão, previdência e partilha de bens.
Em Pernambuco, jornalistas, fotógrafos, músicos, artistas plásticos e outros profissionais estão mobilizados voluntariamente em torno de pelo menos dois casamentos coletivos, um no Recife e outro em Caruaru, no Agreste. Ambos serão promovidos gratuitamente em uma parceria entre o grupo Mães pela Diversidade, Defensoria Pública, Espaço Acolher e a doceria La Dolceta.
“Meu coração de mãe está quebrado em vários pedaços porque já temos um número grande de casais e não consigo mais a gratuidade para outros. A gente sabe que muitos não têm condições de arcar com o preço da certidão. A celebração ganhou dimensões que eu não esperava”, comentou Gi Carvalho, do Mães pela Diversidade. Para quem mora em Caruaru e quer participar da celebração naquela cidade, precisa mandar e-mail para acolherpe@gmail.com, até este domingo, com o nome do casal.
A data mais provável para a festa do Recife acontecer é 19 de dezembro. O local ainda será definido, mas já há várias ofertas. Pelo menos 130 casais deverão participar. Durante dois dias na semana passada, a Defensoria Pública promoveu um mutirão para inscrever pessoas LGBT do Recife interessadas no casamento. Já a cerimônia coletiva será realizada no Cartório de Registro do bairro das Graças, com o juiz da 1ª Vara de Família, Clicério Bezerra. O magistrado realizou, em 2011, o primeiro casamento entre pessoas do mesmo sexo do Norte-Nordeste.
A professora Maria Christina Lima Nunes, 37 anos, e a ilustradora Thais Cavalcanti Duarte, 26, estão planejando o casamento para o mais rápido possível. As duas têm um filho, já firmaram em cartório uma união estável, mas agora pretendem garantir mais direitos com a certidão de casamento. “O documento para a gente é uma questão de resistência. Em meio a tanto ódio que, infelizmente, estamos observando, é preciso mostrar que a gente está aqui, não vai desaparecer e vai continuar resistindo”, diz Christina. O casal decidiu arcar com os custos do enlace no cartório: R$ 238.