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Quem mata no trânsito após beber ficará mais tempo na cadeia

18/04/2018 00h00 - Atualizado em 21/03/2019 12h33 por Admin


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Ana Júlia Goulart
agoulart@hojeemdia.com.br

Só em Minas, 88 acidentes com mortes foram provocados no ano passado por quem insiste em beber e dirigir. O número é 20% maior se comparado aos registros de 2016. Na tentativa de conter esse avanço no Estado e em todo o país, uma nova lei promete mais rigor para quem mata no trânsito sob o efeito de álcool.

A partir de amanhã, motoristas embriagados, responsáveis por acidentes com óbitos ou feridos, irão cumprir pena em regime fechado. A detenção poderá variar de 2 a 8 anos. Antes, a condenação máxima era de 4 anos e os envolvidos podiam recorrer, revertendo a prisão em serviços à comunidade. O tempo de cadeia será fixado por um juiz, que poderá levar em conta as evidências do crime, antecedentes e a conduta social do infrator.

Para quem já foi vítima de um ato tão irresponsável, uma lei mais rigorosa não alivia a dor da perda, mas pode trazer um pouco de conforto se for cumprida. “Tomara que a partir de agora essas pessoas paguem pelos crimes, diferente do que aconteceu com o homem que matou minha filha”, relembra Amanda Franciele, de 24 anos.

Em novembro de 2014, um motorista bêbado atingiu em cheio a filha dela de apenas 4 anos, em uma calçada, no Alto Vera Cruz, na região Leste. A menina morreu na hora e a mãe ficou ferida. O motorista que provocou o acidente aguarda o julgamento em liberdade.

A tragédia motivou um quadro de depressão profunda e, hoje, Amanda toma seis tipos de remédios diariamente, além de fazer acompanhamento médico constante.

Rigor

No ano passado, 400 motoristas foram flagrados com algum teor de álcool no sangue nas blitze da Lei Seca em BH. Para a deputada Raquel Muniz, especialista em medicina de tráfego, os condutores que cometem o ato inconsequente já estavam se acostumando com a reversão da pena em serviços comunitários.

“Essa mudança deixará a pena mais efetiva. O comportamento de muitos motoristas, após a instituição da Lei Seca, já mudou, mas punir de forma mais severa os motoristas embriagados é necessário”, afirma Raquel Muniz. A médica cita ainda a necessidade de mais campanhas de conscientização.

Drogas

A mudança na lei também mira quem dirigir sob o efeito de drogas. As penalidades serão as mesmas para quem ingerir álcool. Diretor da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), Dirceu Rodrigues Alves vê com bons olhos a inclusão.

“As substâncias entorpecentes afetam as principais funções fundamentais para a direção”, afirma Dirceu Alves. Ele se refere à atenção, coordenação motora, audição e visão. “Com toda certeza, essa será mais uma alteração que afetará diretamente os números de mortes e acidentes no trânsito causados por embriaguez”, garante Alves.

Colaborou Raul Mariano

Lei Seca