Por meio de grupo no WhatsApp, policiais militares do DF encontram lares para animais abandonados que passaram por maus-tratos


O Brasil ocupa a 75ª colocação dos países mais solidários, como comprova a pesquisa CAF World Giving Index, realizada pela Charities Aid Foundation, organização britânica dedicada ao investimento social. Engrossando a estatística, o Batalhão Ambiental da Polícia Militar criou um grupo de WhatsApp destinado a encontrar novos donos para animais vítimas de maus-tratos.

Existem, hoje, 300 pessoas cadastradas e aguardando na fila de espera para adotar um desses animais. Até o momento, 57 cães e gatos receberam um lar depois de serem recuperados. Destes, 52 foram adoções avulsas, animais resgatados pelos militares ou pela sociedade civil, os outros cinco são provenientes de apreensão devido ao descaso dos antigos donos.
Segundo o responsável pela ação, major José Gabriel de Souza Júnior, o número de candidatos superou as expectativas. “Há muito mais pessoas buscando do que animais resgatados. Graças a Deus, o número de maus-tratos está caindo no Distrito Federal”, afirma o militar. O grupo foi criado como parte das ações que integram o Junho Verde e também em comemoração aos 30 anos do Batalhão, completados no dia 8 do mês passado.
Os animais chegam à corporação por meio de denúncias e pelo patrulhamento ostensivo da equipe. De acordo com o major, alguns fatores devem ser avaliados para que seja configurada a situação de violência, como: falta de alimentação e água; espaço físico inapropriado, pouca higiene; más condições mentais do pet, neste caso, avalia-se o comportamento do animal na presença do humano (se ele apresenta medo ou estresse). A corporação recebe relatos de cachorros vivendo em sacadas de prédios, ou cães que uivam e latem com frequência, fatos que, por si só, não caracterizam maus-tratos.
Os interessados na adoção entram em contato pelo número (61) 99351-5736 e recebem um link para participar do grupo. Antes, é necessário preencher um cadastro com dados pessoais e um questionário que traça o perfil do adotante. O militar alerta que os interessados passam por uma triagem prévia. “A avaliação do candidato é feita pelos gestores de fauna doméstica, policiais que conhecem toda a legislação concernente à criação de animais e treinados para fazer a filtragem e destinação dos animais às novas famílias”.
São levadas em consideração questões como a renda familiar, o espaço físico que o adotante dispõe ao animal, se ele teve ou tem outros bichinhos e, principalmente, se ele se desfez de algum animal antes e por qual motivo.

Denúncia

O grupo de WhatsApp foi criado de forma preventiva com intuito de formar um cadastro de potenciais adotantes, uma vez que não existem abrigos públicos que possam acolher os animais resgatados. Hoje, as forças de segurança contam com o apoio de instituições e pessoas que abrigam animais abandonados, conforme explica o major Souza Júnior.

“Quando fazemos a ocorrência, já existem pessoas interessadas e habilitadas a adotar. Antes, era muito complicado, por exemplo, em uma ocorrência de denúncia a respeito de 100 gatos, não poderíamos fazer o resgate, pois não tínhamos onde colocá-los. Hoje, seriam separadas 100 pessoas do cadastro, as quais fariam a adoção imediata dos animais”.
Após a recepção do cão ou gato, a família adotante continua sendo avaliada pelo período que a equipe militar julgar necessário. Quando não ocorre a adaptação entre o bichinho e o adotante, o animal é destinado a outra pessoa cadastrada que aguarda na fila. “Nunca ocorreu a incompatibilidade, ao contrário, nós percebemos que as famílias se empenham em promover o bem-estar do animal adotado”, diz o major.