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A Justiça decretou nesta sexta-feira (19) a prisão preventiva de José Hilson de Paiva, 70, médico e prefeito afastado de Uruburetama, cidade a 110 km de Fortaleza. Ele é acusado de abusar de pacientes. Em contato com a Folha, o advogado Leandro Vasques disse no começo da tarde que estava levando Paiva para se entregar na capital cearense, onde esteve nos últimos dias.
A decisão do juiz José Cléber Moura do Nascimento, da comarca de Uruburetama, acrescentou mandados de busca e apreensão em imóveis de Paiva em Fortaleza e Uruburetama. Computadores, celulares, tablets, HDs, pen-drives, CDs, DVDs, prescrições médicas, agendas de consultas e receituários devem ser recolhidos pela Polícia Civil.
Paiva nega que tenha abusado de pacientes e se diz vítima de uma armação política. O Ministério Público do Ceará recebeu na semana passada 63 vídeos em que o médico aparece em atendimentos suspeitos. A investigação apura se ao menos 17 mulheres sofreram violência.
Na decisão, o juiz escreveu que "a prisão preventiva se faz necessária afim de preservar higidez das provas a serem produzidas em juízo eis que da leitura das peças depreende-se que o representado venha utilizando sua influência para se manter impune ao longo de vários anos do que se pode deduzir a possibilidade de ele, o representado, em liberdade embaraçar investigação policial e instrução criminal".
O pedido de prisão foi feito na quarta-feira (17) à noite pela promotoria, que argumentou existir a possibilidade de coação de testemunhas. Ao menos duas mulheres já prestaram depoimento à polícia civil, em Uruburetama, e outras quatro em Cruz, cidade a 150 km de onde Paiva é prefeito e local em que também fazia atendimentos como ginecologista.
Na segunda-feira (15), um dia depois de a TV Globo divulgar imagens de alguns dos vídeos dos supostos abusos, a Câmara Municipal de Uruburetama afastou Paiva do cargo de prefeito por 90 dias. Uma comissão foi formada, que vai avaliar as denúncias para que os vereadores possam decidir sobre uma possível cassação do mandato. No mesmo dia o PC do B, partido pelo qual foi eleito em 2016, anunciou sua expulsão.
Nos vídeos, mulheres são colocadas de costas apoiadas em macas e em um deles ele coloca na boca o seio de uma paciente. O caso começou em 2018, quando em março um vídeo de Paiva praticando sexo com uma mulher no que aparentava ser um consultório viralizou em redes sociais. Na época ele admitiu o caso extraconjugal e disse ser consensual – ele é casado com a ex-prefeita da cidade Maria das Graças Cordeiro de Paiva.
Depois disso algumas mulheres decidiram denunciá-lo por supostos abusos, ainda em 2018, mas não houve avanço nas investigações à época. Paiva chegou a processar quatro delas por calúnia e difamação e três, em audiência, pediram desculpas a ele.
"O atendimento médico que ele faz, que não posso chamar de atendimento médico, dura bastante, 30, 40 minutos, e ele passa o tempo inteiro tentando convencer a paciente a realizar os seus abusos", disse o médico Diogo Leite Sampaio, vice-presidente da Associação Médica Brasileira, à Folha. Ele viu os 63 vídeos convidado pela TV Globo.
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A decisão do juiz José Cléber Moura do Nascimento, da comarca de Uruburetama, acrescentou mandados de busca e apreensão em imóveis de Paiva em Fortaleza e Uruburetama. Computadores, celulares, tablets, HDs, pen-drives, CDs, DVDs, prescrições médicas, agendas de consultas e receituários devem ser recolhidos pela Polícia Civil.
Paiva nega que tenha abusado de pacientes e se diz vítima de uma armação política. O Ministério Público do Ceará recebeu na semana passada 63 vídeos em que o médico aparece em atendimentos suspeitos. A investigação apura se ao menos 17 mulheres sofreram violência.
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O pedido de prisão foi feito na quarta-feira (17) à noite pela promotoria, que argumentou existir a possibilidade de coação de testemunhas. Ao menos duas mulheres já prestaram depoimento à polícia civil, em Uruburetama, e outras quatro em Cruz, cidade a 150 km de onde Paiva é prefeito e local em que também fazia atendimentos como ginecologista.
Na segunda-feira (15), um dia depois de a TV Globo divulgar imagens de alguns dos vídeos dos supostos abusos, a Câmara Municipal de Uruburetama afastou Paiva do cargo de prefeito por 90 dias. Uma comissão foi formada, que vai avaliar as denúncias para que os vereadores possam decidir sobre uma possível cassação do mandato. No mesmo dia o PC do B, partido pelo qual foi eleito em 2016, anunciou sua expulsão.
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Depois disso algumas mulheres decidiram denunciá-lo por supostos abusos, ainda em 2018, mas não houve avanço nas investigações à época. Paiva chegou a processar quatro delas por calúnia e difamação e três, em audiência, pediram desculpas a ele.
"O atendimento médico que ele faz, que não posso chamar de atendimento médico, dura bastante, 30, 40 minutos, e ele passa o tempo inteiro tentando convencer a paciente a realizar os seus abusos", disse o médico Diogo Leite Sampaio, vice-presidente da Associação Médica Brasileira, à Folha. Ele viu os 63 vídeos convidado pela TV Globo.