Duas pessoas que viram assassinato da vereadora e de Anderson foram localizadas por jornal

RIO DE JANEIRO. Duas testemunhas do assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, contaram ao jornal “O Globo” terem sido expulsas pela Política Militar do local do crime, em vez de terem sido chamadas para depor.

As duas pessoas revelaram dados como horário e local exatos, detalhes da abordagem, rota de fuga dos criminosos, além de características do autor dos disparos, de acordo com a reportagem. Elas não foram ouvidas pela Delegacia de Homicídios da Capital (DH), que investiga o crime, e contaram que, logo depois dos assassinatos, policiais do 4º BPM (São Cristóvão) chegaram ao local e ordenaram que todos se afastassem, com exceção da sobrevivente do veículo atacado. Alguns agentes sugeriram, segundo uma das testemunhas, que todos fossem para casa.

“Foi tudo muito rápido. O carro dela (Marielle) quase subiu a calçada. O veículo do assassino imprensou o carro branco “, disse uma das testemunhas, apontando para o meio-fio com algumas marcas. “O homem que deu os tiros estava sentado no banco de trás e era negro. Eu vi o braço dele quando apontou a arma, que parecia ter silenciador”, afirmou.

Segundo “O Globo”, as versões das duas testemunhas, que não se conhecem e conversaram com o jornal separadamente, são idênticas. Elas disseram não ter visto um segundo carro na emboscada contra a vereadora, embora câmeras de rua tenham flagrado um possível segundo veículo, na saída de um evento onde Marielle estivera na Lapa. Procurada, a PM não retornou à reportagem.

O crime, que ganhou até o noticiário internacional, expôs graves falhas no sistema de policiamento, que prejudicam a investigação de homicídios, como, por exemplo, o fato de a câmera no cruzamento das ruas Joaquim Palhares e João Paulo I não ter gravado as imagens do atentado.

Manifestações. Passados 20 dias do assassinato, uma nova manifestação será realizada, na noite desta segunda-feira, cobrando respostas para o crime. O ato “Luzes para Marielle e Anderson” já mobilizava nesse domingo (1) pessoas em nove Estados e pelo menos quatro países.

A ideia do protesto é que cada pessoa acenda, às 19h, uma luz — vela, celular ou isqueiro — por dois minutos. Diferentemente das manifestações anteriores, essa pode ser feita em qualquer lugar onde a pessoa esteja.