PANDEMIA


Com cruzes e balões vermelhos, a ONG Rio de Paz realizou na manhã deste sábado (8) um protesto contra a atuação do poder público no enfrentamento da pandemia do novo coronavírus. O ato foi também uma homenagem aos quase 100 mil mortos pela Covid-19 no Brasil.

"Municípios, estados e União erraram. a disputa política se sobrepôs aos interesses da sociedade", disse o presidente da ONG, Antônio Carlos Costa. "Não há o que justifique as brigas entre prefeitos, governadores e o presidente da República, a incapacidade de trabalharem juntos em um gabinete de crise visando apresentar ao país uma política comum."

Nesta sexta (7), o país registrou 1.058 novas mortes, chegando a 99.702. A marca das 100 mil deve ser atingida ainda neste sábado. "Por que somos o segundo país em número de mortos?", questionava a ONG em uma faixa fincada na areia da praia de Copacabana.

Mil balões vermelhos biodegradáveis foram espalhados pela praia. Cem deles foram presos a cruzes fincadas na areia. O presidente da Rio de Paz voltou a fazer críticas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), para ele o maior responsável pela situação.

"Enquanto o país agonizava em estado de perplexidade nós o víamos pilotar jet ski, cavalgar, organizar churrasco, forçar demissão de dois ministros da saúde e prescrever remédio como se médico fosse", afirmou. "E o mais assustador, não ter demonstrado empatia pelos parentes das vítimas enquanto estimulava a quebra do distanciamento social."

Como no ato anterior da ONG, um apoiador de Bolsonaro que caminhava pelo calçadão bateu boca com manifestantes. Ele chamou de fake news o número de mortos e foi interpelado pelo taxista Marco Antonio do Nascimento, que perdeu um filho para a doença. "Não fala que é fake news", disse ele, mostrando uma foto do rapaz.

Nascimento ficou conhecido no último ato do Rio de Paz, em junho, quando recolocou no lugar cruzes que haviam sido derrubadas por um apoiador de Bolsonaro, que questionava as críticas à condução da crise pelo presidente da República.