O Rio de Janeiro vive mais uma crise: desta feita relacionada com a água. Há quase um mês, ela tem chegado turva e com cheiro e gosto fortes, ocasionando preocupação e mal estar, agravados pela falta de informação mais objetiva das autoridades.

É mais um capítulo da falta de atenção do Poder Público nos últimos anos com as obras necessárias para a implementação de uma rede de esgotos capaz de reduzir os impactos, cada vez maiores, do despejo “in natura” de esgoto proveniente de residências/industrias  no Guandu, sem o devido tratamento.

Empresas públicas que cuidam de áreas mais técnicas não podem ser negociadas pelo Governo nos momentos de negociações políticas, com o desmonte de uma estrutura existente  formada por especialista, que em última instância dominam a informação conceitual necessária. Não me venham com teorias de conspiração, de sabotagem pois sinceramente não trazem solução para o problema e acabam tirando o foco da real situação, que deve ser a criação urgente de um programa municipal de tratamento do esgoto, com verbas estaduais e federais, sem ficar empurrando com a barriga de quem é a atribuição para uma resposta real.


O grande desafio está não só nas obras, mas no monitoramento contínuo e sobretudo na supervisão da operação para que se possa evitar um colapso real à médio prazo.

O grande desafio está não só nas obras, mas no monitoramento contínuo e sobretudo na supervisão da operação para que se possa evitar um colapso real à médio prazo.


Como sempre, as atividades econômicas do Estado que dependem da água, como o turismo ficam prejudicadas com matérias sendo veiculadas em mais de 85 veículos na nacionais e internacionais sobre a crise e o inicio de introdução de informações nos travel advisories, que indicam em informes produzidos por países estrangeiros para seus nacionais sobre destinos turísticos.

O que mais me incomoda é a falta de monitoramento de tais veiculações e esclarecimentos ou respostas.Volto a sugerir a criação de um serviço no âmbito das entidades Turísticas do Estado e do Município, que possam acompanhar o que acontece e responder, com transparência e informações reais.

Não adiante investimentos em escritórios no exterior, sem orçamento real para tal mas sobretudo sem uma estrutura que funcione o ano inteiro levantando tudo que sai de positivo e negativo e tentando fazer um trabalho de esclarecimento, inclusive com turistas que já estão aqui. Precisamos com tantos problemas que acontecem por aqui, buscar com urgência uma ação de respostas rápidas, que podem também receber ajuda de nossas Embaixadas e Consulados no exterior.

A crise da água é mais um momento de reflexão para políticas publicas  reais  e não soluções paliativas para acalmar as pessoas….


*Bayard Do Coutto Boiteux é professor universitário e escritor.Vice-presidente executivo da Associação dos Embaixadores de Turismo e superintendente do Instituto Preservale.

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