Depois de, em 2020, ter perdido o filho de cinco meses num dos incêndios que devastaram o Pantanal, Débora Ávila decidiu integrar o Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), no ano passado. Agora, está entre os 400 bombeiros que enfrentam o fogo que, este ano, voltou a assolar a região.

A mulher, que está na linha da frente do combate aos incêndios no Pantanal de Mato Grosso do Sul, contou ao g1 que o filho, Gabriel David, tinha “um problema no pulmão”, e necessitava de oxigênio portátil.

“Tinha de ter ar puro e a fumaça sufocou-o. A fumaça invadiu a cidade, da queimada. Por isso, ele morreu por causa da fumaça”, disse.

Ser bombeira foi a forma que encontrou para evitar que outras mães passem pelo mesmo.

"Se continuarmos a fazer o nosso papel, muitas famílias vão ficar um pouquinho mais com os seus filhos”, considerou.

Os incêndios na maior planície alagada do mundo, que o Brasil divide com a Bolívia e o Paraguai, começaram em abril, mas agravaram-se em junho, a ponto de superar os recordes históricos para aquele mês.

Um estudo divulgado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) aponta que, entre maio e junho, não foram registadas descargas elétricas nas áreas onde os incêndios começaram, confirmando a tese de que a causa das chamas é humana.

De acordo com o estudo, até agora, este ano, o fogo já consumiu cerca de 661 mil hectares do bioma, considerado um dos ecossistemas mais ricos do mundo em biodiversidade de flora e fauna.