LUTO

O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado morreu aos 81 anos, nesta sexta-feira (23/5), em Paris. O artista enfrentava problemas de saúde decorrente de malária, adquirida nos anos 1990.

Em publicação nas redes sociais, o Instituto Terra, organização não-governamental fundada pelo fotógrafo, confirmou a morte do fotógrafo. "Sebastião foi muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo. Ao lado de sua companheira de vida, Lélia Deluiz Wanick Salgado, semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade. Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora", afirma o texto.

Economista de formação, Salgado se tornou fotógrafo nos anos 1970 e logo ganhou projeção internacional. Percorreu mais de 120 países registrando refugiados, vítimas da fome, do trabalho escravo e da guerra. Com Lélia, também liderou projetos de reflorestamento na região do Vale do Rio Doce, em Minas Gerais, onde fundaram o Instituto Terra, uma das maiores referências em recuperação ambiental do Brasil.

Premiado e celebrado nos quatro cantos do mundo, Sebastião Salgado não registrava apenas imagens. Ele provocava reflexão. Em tempos de crises múltiplas, a obra segue atual, necessária e viva.

Conhecido por trabalhos como Êxodos, Trabalhadores e Gênesis, Salgado dedicou a vida a documentar com profundidade e compaixão os grandes movimentos sociais, crises humanitárias e belezas naturais do planeta. As fotografias, sempre em preto e branco, revelam uma estética potente aliada a um olhar profundamente ético.

A causa da morte não foi divulgada até o momento. Salgado deixa mulher, dois filhos e milhões de admiradores.

A última entrevista

Na mais recente entrevista de Sebastião Salgado, publicada nesta quinta-feira (22/5) pela revista Forbes, o artista destacou a trajetória e falou sobre a exposição que está em cartaz na França.

A exposição sobre os 50 anos de carreira de Sebastião Salgado está aberta até 1º de junho no centro Les Franciscaines, na comuna francesa de Deauville. Na entrevista, o fotógrafo afirmou que, ao ver a exposição, foi como visitar a própria vida. "Quando chegamos lá, fizemos um passeio pela exposição. E, para mim, foi como fazer um passeio pela minha própria vida. Eu tive o privilégio — porque é um privilégio — de ter podido ir a todos esses lugares. Às vezes, as pessoas me dizem: 'Sebastião, você é um artista'. E eu respondo: 'Não, sou fotógrafo.' Porque só os fotógrafos têm o direito de duvidar. Quando vamos a todas essas regiões do mundo, enfrentando todos os problemas e desafios que você pode imaginar, nos perguntamos: sobre ética, legitimidade, segurança. E cabe a nós encontrar a resposta, sozinhos."