Rejeitos de bauxita vindos da mineradora norueguesa atingem Barcarena, nordeste do Pará. Segundo funcionários do posto de saúde do local, o número de pacientes com os sintomas de contaminação foi alto no final de semana.

Por G1 PA, Belém

O Posto de saúde do bairro Vila Nova, em Barcarena, nordeste do Pará, teve movimentação intensa no final de semana e na manhã desta segunda-feira (26). Os moradores das áreas atingidas pelo vazamento do rejeito de bauxita da mineradora Hydro foram ao posto reclamando de dores gastrointestinais e coceiras na pele.

O vazamento dos rejeitos aconteceu após as fortes chuvas dos dias 16 e 17. Houve alagamentos na cidade de Barcarena e a água avermelhada que tomou conta da região assustou a população, que procurou as autoridades. A Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Pará (Semas) vistoriou a região e descartou vazamentos. No entanto, a contaminação foi comprovada por laudo do Instituto Evandro Chagas (IEC), que constatou a presença de soda cáustica, bauxita e chumbo na região, além de flagrar um duto clandestino usado pela mineradora para despejar rejeitos diratamente no meio ambiente. Após a divulgação do laudo do IEC, a Hydro admitiu a existência do duto clandestino.

Doenças

De acordo com profissionais do posto de saúde, que não quiseram gravar entrevista e revelar o número exato de pessoas atendidas, a maioria dos pacientes vindos das áreas contaminadas pelo rejeito da refinaria norueguesa apresentava ânsia de vômito, diarreia e fraqueza, além de alguns estarem com manchas doloridas pelo corpo.

Na manhã desta segunda-feira, equipes da prefeitura de Barcarena estiveram distribuindo água mineral para as famílias atingidas pelo vazamento da Hydro. Uma equipe da Divisão Especializada de Meio Ambiente (Dema) também esteve nas comunidades colhendo depoimentos dos atingidos para o inquérito que foi aberto para apurar o vazamento e os crimes ambientais decorrentes deste vazamento.

Também estiveram em Barcarena agentes do Laboratório Central do Pará (Lacen) para coletar novas amostras de água do rio, igarapés e dos poços artesianos para verificar o nível de contaminação presente nas áreas afetadas pelo vazamento.

Em nota, a Prefeitura de Barcarena informou que os plantões médicos 24 horas funcionam na Unidade de Pronto Atendimento e nos dois hospitais do município. Nas unidades de saúde de Jardim Cabano e Vila Nova, os horários de atendimento são diferenciados e quando o médico não dá expediente no posto de saúde, ele está em outro ponto de atendendo os moradores nas casas.

Entenda o caso

No dia 17 de fevereiro, fotos registraram vazamento de rejeitos de bauxita em barragem da mineradora. Nos dias seguintes, órgãos dos governos estadual e municipal, além do Instituto Evandro Chagas, estiveram no local para vistorias. Fiscais da Semas fizeram uma inspeção na empresa e informaram que não houve nenhum vazamento ou transbordamento, mas notificou a empresa por verificar falhas no sistema de drenagem pluvial que precisariam ser corrigidas.

No dia 21 de fevereiro, a Hydro se manifestou negando qualquer incidente, eque a barragem se manteve firme, intacta e sem vazamentos. No dia 22 de fevereiro, o laudo do Instituto Evandro Chagas (IEC) confirmou contaminação em diversas áreas de Barcarena, nordeste do Pará, provocada pelo vazamento das barragens de rejeitos de bauxita da mineradora norueguesa. "A empresa fez uma ligação clandestina para eliminar esses efluentes contaminados", revelou Marcelo Lima, pesquisador em saúde pública do IEC.

Desde então, Ministério Público, OAB, Ministério do Meio Ambiente, deputados federais e Governo do Estado destacaram equipes para apurar os danos do acidente e dar suporte às comunidades atingidas.

Laudo confirma vazamento em Barcarena (Foto: Editoria de Arte/G1)

Laudo confirma vazamento em Barcarena (Foto: Editoria de Arte/G1)