CORTE BILIONÁRIO


A infectologista Luana Araújo, que ganhou evidência após depoimento criticando a gestão federal da pandemia na CPI da COVID, foi às redes para  se manifestar sobre o corte de cerca de 60% do orçamento do programa Farmácia Popular do Brasil previsto pelo governo Bolsonaro para 2023.


Na quinta-feira (15/9), em seu perfil no Instagram, a médica salientou que o corte favorece o repasse de mais verbas para as emendas do orçamento secreto, destinadas aos parlamentares do Congresso Nacional. O programa oferece, além de medicamentos gratuitos na rede particular de farmácias e drogarias, subsídio para a compra de fraldas geriátricas, ponto destacado por Luana Araújo.


“Num pensamento rápido, vocês podem lembrar de pessoas com deficiências físicas e/ou mentais, idosos e idosas em situação de fragilidade e em condições socioeconômicas trágicas, certo? Não precisou de muito esforço. Pois bem: são essas as pessoas que estão sendo CONDENADAS A SE BANHAR NOS PRÓPRIOS DEJETOS para que dinheiro público seja distribuído com fins ANTIDEMOCRÁTICOS. E não é sobre a sujeira e a humilhação não: a ausência de fraldas propicia o aumento de infecções urinárias, lesões e infecções de pele, dentre outras afecções”, escreveu. 

Corte bilionário


O corte no Farmácia Popular foi revelado em matéria publicada n’O Estado de S. Paulo na semana passada. Em novas reportagens, o jornal divulgou que o corte de R$ 1,2 bilhão no programa, quase 60% do orçamento de 2022, afetará a distribuição de medicamentos para o tratamento de doenças como diabetes, hipertensão, asma, dislipidemia, rinite, doença de Parkinson, osteoporose, glaucoma, além de medicamentos anticoncepcionais e a distribuição de fraldas geriátricas.


Fundado em 2004, o Farmácia Popular do Brasil é um programa que oferece alguns medicamentos de forma gratuita e outros com subsídios de até 90% do valor total do produto. Os beneficiários podem retirar os remédios em estabelecimentos da rede particular conveniados.


Entidades do ramo farmacêutico e especialistas ouvidos pelo Estado de Minas alertaram para o risco de sobrecarga do Sistema Único de Saúde representado pelo corte bilionário no orçamento do Farmácia Popular. 


“São doenças que têm uma alta taxa de incidência e tem essa questão de que são medicamentos de uso contínuo. Se a pessoa não aderir completamente ao tratamento, vai interferir em toda a condição daquela doença. A falta de um antihipertensivo, por exemplo, faz com que a pessoa acabe tendo que usar mais outras portas de entrada do SUS, como atendimentos de urgência e emergência”, explicou a farmacêutica e  diretora-executiva da ONG Universidades aliadas por medicamentos essenciais (UAEM), Luciana de Melo.


A menos de um mês da eleição, a campanha de Jair Bolsonaro (PL) se preocupou com o impacto da medida nas chances de sua recondução ao Planalto. Em coluna no portal G1, o comentarista Valdo Cruz informou que o presidente chegou a pedir que os ministros Paulo Guedes (Economia) e Marcelo Queiroga (Saúde) trabalhassem para rever a medida.


Em entrevista à CNN Brasil durante agenda de campanha em Natal-RN na quarta-feira (14/9), Bolsonaro disse que a questão do Farmácia Popular será analisada no ano que vem.