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Um grupo de indígenas sateré mawé navega pela Amazônia brasileira em uma lancha em busca de ervas medicinais para combater os sintomas do novo coronavírus.
Com o sistema de saúde do estado do Amazonas saturado e dificuldades burocráticas para conseguir atendimento médico na capital, Manaus, os indígenas da aldeia Waikiru recorrem a seus conhecimentos ancestrais sobre a natureza para se manter saudáveis e tratar possíveis sintomas da Covid-19.
"A gente tem tratado todos os sintomas que temos sentido com os próprios remédios caseiros, que nossos antepassados vieram passando", conta à AFP o líder André Sateré Mawé, que vive com 15 famílias nesta aldeia, localizada na zona rural de Manaus, acessível por uma rua asfaltada.
"Cada um com um pouco de conhecimento foi juntando os remédios. E fomos experimentando, usando cada remédio para combater um sintoma da doença", explica.
As receitas incluem infusões com casca de carapanaúba (árvore com propriedades antiinflamatórias), de saracuramirá (utilizada popularmente no tratamento da malária) e um chá com ingredientes menos exóticos como jambu, alho, limão, casca de manga, hortelã, gengibre e mel.
A artesã Valda Ferreira de Souza, de 35 anos, suspeita pelos sintomas que contraiu o novo coronavírus, embora nenhum dos sateré mawé que moram nesta aldeia tenha sido examinado para confirmar o diagnóstico.
"O xarope caseiro ajudou muito a aliviar porque eu fiquei com um pouco de cansaço também. Parece que ia prendendo meu pulmão. Senti falta de ar e tomei o xarope", relata a mulher.
Rosivane Pereira da Silva, outra artesã, de 40 anos, ajuda André a preparar as beberagens. Depois de ferver os ingredientes, os distribuem em pequenas garrafas ou em recipientes maiores, dependendo da infusão.
Rosivane recorreu ao avô para saber quais ingredientes usar. "Eu sempre converso com o meu avô Marcos. Ele tem 93 anos e sabe muito de remédio. Fui lá perguntar como eu poderia fazer", explica.
De acordo com a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde, 23 indígenas morreram e 371 contraíram o novo coronavírus. Mas este registro não inclui os indígenas que vivem nas cidades.
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), que criou um comitê próprio para acompanhar a situação e inclui os indígenas "urbanos" em sua contagem, constatou até o momento 102 óbitos e 537 contágios em todo o Brasil.
Responsáveis pela domesticação do guaraná, os sateré mawé são mais de 13.000 e vivem principalmente na terra indígena Andirá-Marau, na fronteira entre os estados do Amazonas e do Pará. Mas nas últimas décadas, algumas famílias se estabeleceram nos arredores de Manaus.
Por terem deixado suas terras originárias, ficam fora da cobertura da Sesai e, ao mesmo tempo, enfrentam dificuldades burocráticas para ser atendidos no SUS que atende a população em geral.
"Parece que eles escolhem quem e atender e deixam a gente sem atenção", queixa-se André. "A gente tem aprendido a se virar. A gente tem aprendido a lutar sozinhos".
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Um grupo de indígenas sateré mawé navega pela Amazônia brasileira em uma lancha em busca de ervas medicinais para combater os sintomas do novo coronavírus.
Com o sistema de saúde do estado do Amazonas saturado e dificuldades burocráticas para conseguir atendimento médico na capital, Manaus, os indígenas da aldeia Waikiru recorrem a seus conhecimentos ancestrais sobre a natureza para se manter saudáveis e tratar possíveis sintomas da Covid-19.
"A gente tem tratado todos os sintomas que temos sentido com os próprios remédios caseiros, que nossos antepassados vieram passando", conta à AFP o líder André Sateré Mawé, que vive com 15 famílias nesta aldeia, localizada na zona rural de Manaus, acessível por uma rua asfaltada.
"Cada um com um pouco de conhecimento foi juntando os remédios. E fomos experimentando, usando cada remédio para combater um sintoma da doença", explica.
As receitas incluem infusões com casca de carapanaúba (árvore com propriedades antiinflamatórias), de saracuramirá (utilizada popularmente no tratamento da malária) e um chá com ingredientes menos exóticos como jambu, alho, limão, casca de manga, hortelã, gengibre e mel.
A artesã Valda Ferreira de Souza, de 35 anos, suspeita pelos sintomas que contraiu o novo coronavírus, embora nenhum dos sateré mawé que moram nesta aldeia tenha sido examinado para confirmar o diagnóstico.
"O xarope caseiro ajudou muito a aliviar porque eu fiquei com um pouco de cansaço também. Parece que ia prendendo meu pulmão. Senti falta de ar e tomei o xarope", relata a mulher.
Rosivane Pereira da Silva, outra artesã, de 40 anos, ajuda André a preparar as beberagens. Depois de ferver os ingredientes, os distribuem em pequenas garrafas ou em recipientes maiores, dependendo da infusão.
Rosivane recorreu ao avô para saber quais ingredientes usar. "Eu sempre converso com o meu avô Marcos. Ele tem 93 anos e sabe muito de remédio. Fui lá perguntar como eu poderia fazer", explica.
De acordo com a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde, 23 indígenas morreram e 371 contraíram o novo coronavírus. Mas este registro não inclui os indígenas que vivem nas cidades.
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), que criou um comitê próprio para acompanhar a situação e inclui os indígenas "urbanos" em sua contagem, constatou até o momento 102 óbitos e 537 contágios em todo o Brasil.
Responsáveis pela domesticação do guaraná, os sateré mawé são mais de 13.000 e vivem principalmente na terra indígena Andirá-Marau, na fronteira entre os estados do Amazonas e do Pará. Mas nas últimas décadas, algumas famílias se estabeleceram nos arredores de Manaus.
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