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Reunidos na Terra Indígena Ianomâmi, em Roraima, no último fim de semana, dezenas de lideranças ianomâmis e iecuanas rechaçaram a proposta em estudo no governo de Jair Bolsonaro que prevê permitir a mineração em terras indígenas. O projeto deverá ser encaminhado em breve ao Congresso Nacional.
Em carta aberta lida ontem no Congresso Nacional por iniciativa da coordenadora da frente parlamentar indígena, a deputada Joênia Wapichana (Rede-RR), os indígenas afirmaram: "Nós não queremos garimpo em nossa terra. Nós queremos que o governo cumpra seu dever de proteger a nossa terra. Queremos que o governo tire os garimpeiros que estão na nossa terra e impeça a entrada de mais garimpeiros. Nós conhecemos nossos direitos e sabemos que o garimpo na Terra Indígena Yanomami é ilegal".
Bolsonaro disse várias vezes que pretende abrir mineração em terras indígenas e chegou a levar um ianomâmi ao Palácio do Planalto para dizer que tinha aval dos indígenas.
Na carta, as lideranças negam a representatividade desse indígena. "A gente decide de forma coletiva, escutando vários pensamentos de homens, mulheres, xamãs, jovens, lideranças tradicionais, todos reunidos. Isso é decidir em nome do povo e não de maneira autoritária. E isso deve ser respeitado pelo governo brasileiro. O governo não decide por nós. Somos guerreiros Yanomami e Ye'kwana e dizemos todos juntos: Fora Garimpo!"
No comunicado, assinado por sete associações, os indígenas também denunciam as consequências do garimpo.
"Os garimpeiros estão envenenando as pessoas e contaminando nossos rios, nossos peixes, nossos alimentos e espantando nossa caça. Sabemos que o mercúrio usado no garimpo está contaminando nosso povo. No rio Uraricoera, mais de 90% das pessoas que foram analisadas apresentaram alto índice de contaminação. Recentemente soubemos que mais da metade dos Yanomami de Maturacá também estão contaminados. O governo tem o dever de acabar com isso e trabalhar para cuidar da saúde dos povos Yanomami e Ye'kwana e proteger a terra-floresta."
As lideranças ianomâmis disseram que os garimpeiros "trazem todo tipo de bebidas, drogas e doenças", que têm "muitas armas" e são "violentos também entre eles".
"Eles matam uns aos outros e enterram os corpos na beira dos rios ou jogam nos rios. Quando os garimpeiros mexem na terra e destroem a natureza, eles estão ofendendo os seres que vivem na floresta. Esses lugares foram destruídos e ninguém mais pode usar lá. A natureza está se zangando, e todos nós vamos sofrer, indígenas e não indígenas. Os garimpeiros são invasores que roubam o ouro, que tem que ficar embaixo da terra."
Os indígenas escreveram que as suas verdadeiras riquezas "são os conhecimentos tradicionais, a nossa saúde, nossos rios limpos e nossas crianças crescendo felizes. Os garimpeiros estão destruindo a nossa riqueza. O nosso trabalho não é o garimpo, o nosso trabalho é a roça, é o artesanato, temos nossas formas próprias de gerar renda a partir de nossos conhecimentos sobre a floresta. Nossos conhecimentos têm mais valor que o ouro".
O texto final do projeto de lei sobre o assunto ainda não é conhecido e está sendo elaborado pelo Ministério de Minas e Energia. À reportagem, o ministério disse que a proposta é ouvir os índios sobre projetos de mineração em suas terras, mas eles não terão o poder de vetar o empreendimento.
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Reunidos na Terra Indígena Ianomâmi, em Roraima, no último fim de semana, dezenas de lideranças ianomâmis e iecuanas rechaçaram a proposta em estudo no governo de Jair Bolsonaro que prevê permitir a mineração em terras indígenas. O projeto deverá ser encaminhado em breve ao Congresso Nacional.
Em carta aberta lida ontem no Congresso Nacional por iniciativa da coordenadora da frente parlamentar indígena, a deputada Joênia Wapichana (Rede-RR), os indígenas afirmaram: "Nós não queremos garimpo em nossa terra. Nós queremos que o governo cumpra seu dever de proteger a nossa terra. Queremos que o governo tire os garimpeiros que estão na nossa terra e impeça a entrada de mais garimpeiros. Nós conhecemos nossos direitos e sabemos que o garimpo na Terra Indígena Yanomami é ilegal".
Bolsonaro disse várias vezes que pretende abrir mineração em terras indígenas e chegou a levar um ianomâmi ao Palácio do Planalto para dizer que tinha aval dos indígenas.
Na carta, as lideranças negam a representatividade desse indígena. "A gente decide de forma coletiva, escutando vários pensamentos de homens, mulheres, xamãs, jovens, lideranças tradicionais, todos reunidos. Isso é decidir em nome do povo e não de maneira autoritária. E isso deve ser respeitado pelo governo brasileiro. O governo não decide por nós. Somos guerreiros Yanomami e Ye'kwana e dizemos todos juntos: Fora Garimpo!"
No comunicado, assinado por sete associações, os indígenas também denunciam as consequências do garimpo.
"Os garimpeiros estão envenenando as pessoas e contaminando nossos rios, nossos peixes, nossos alimentos e espantando nossa caça. Sabemos que o mercúrio usado no garimpo está contaminando nosso povo. No rio Uraricoera, mais de 90% das pessoas que foram analisadas apresentaram alto índice de contaminação. Recentemente soubemos que mais da metade dos Yanomami de Maturacá também estão contaminados. O governo tem o dever de acabar com isso e trabalhar para cuidar da saúde dos povos Yanomami e Ye'kwana e proteger a terra-floresta."
As lideranças ianomâmis disseram que os garimpeiros "trazem todo tipo de bebidas, drogas e doenças", que têm "muitas armas" e são "violentos também entre eles".
"Eles matam uns aos outros e enterram os corpos na beira dos rios ou jogam nos rios. Quando os garimpeiros mexem na terra e destroem a natureza, eles estão ofendendo os seres que vivem na floresta. Esses lugares foram destruídos e ninguém mais pode usar lá. A natureza está se zangando, e todos nós vamos sofrer, indígenas e não indígenas. Os garimpeiros são invasores que roubam o ouro, que tem que ficar embaixo da terra."
Os indígenas escreveram que as suas verdadeiras riquezas "são os conhecimentos tradicionais, a nossa saúde, nossos rios limpos e nossas crianças crescendo felizes. Os garimpeiros estão destruindo a nossa riqueza. O nosso trabalho não é o garimpo, o nosso trabalho é a roça, é o artesanato, temos nossas formas próprias de gerar renda a partir de nossos conhecimentos sobre a floresta. Nossos conhecimentos têm mais valor que o ouro".
O texto final do projeto de lei sobre o assunto ainda não é conhecido e está sendo elaborado pelo Ministério de Minas e Energia. À reportagem, o ministério disse que a proposta é ouvir os índios sobre projetos de mineração em suas terras, mas eles não terão o poder de vetar o empreendimento.