Os dois fugitivos do presídio de segurança máxima de Mossoró (RN) foram presos no início da tarde desta quinta-feira (4) em Marabá (PA) em três carros com oito celulares, dinheiro em espécie, cartões de crédito, um fuzil e munições. A informação é da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento foram detidos quando atravessavam uma ponte sobre o Rio Tocantins, na BR-222. A rodovia foi fechada pela PRF de um lado, enquanto de outro a Polícia Federal (PF) fazia a abordagem. A distância entre Mossoró e Marabá é de 1,6 mil km. A fuga incluiu seis dias de barco entre o Ceará e o Pará.
Ao longo de cerca de 50 dias da captura, 12 pessoas foram presas no total, envolvidas nesse plano e na execução de fuga dos detentos. Não houve troca de tiros entre os bandidos e a polícia e ninguém saiu ferido na abordagem.
De acordo com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandoviski, dos oito celulares em posse dos bandidos e de outras quatro pessoas presas e envolvidas no comboio de fuga, três estavam sendo monitorados pela inteligência da PF do Rio Grande do Norte.
Integrantes do Comando Vermelho (CV), Rogério e Deibson fugiram da Penitenciária Federal de Mossoró em 14 de fevereiro, Quarta-Feira de Cinzas. Esta foi a primeira fuga registrada na história do sistema penitenciário federal, que conta ainda penitenciárias em Brasília (DF), Catanduvas (PR), Campo Grande (MS) e Porto Velho (RO).
Rogério e Deibson estavam em Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), onde as regras são mais rígidas que as do regime fechado. Nesse tipo de ala há um local para o banho de sol para que os detentos não tenham contato com outros presos. Eles deixaram a cadeia por um buraco no teto das celas, que são individuais na unidade prisional, e depois cortaram a cerca do presídio com um alicate deixado em um canteiro de obras.
A demora na recaptura estava prejudicando a imagem do governo federal. Lewandowski, inclusive, evitou divulgar os dados sobre os gastos relacionados à operação de recaptura. Contudo, conforme mostrou O TEMPO Brasília, 34 dias de buscas custaram cerca de R$ 1,5 milhão aos cofres públicos.
As buscas estavam concentradas principalmente entre Mossoró e Baraúna, localidades distantes aproximadamente 35 km uma da outra. O período de busca superou o caso do assassino em série Lázaro Barbosa em junho de 2021, em Goiás, que durou 20 dias. A Força Nacional também chegou a ser mobilizada para esse caso.
Em meio às buscas dos fugitivos, a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) transferiu 23 presos do presídio Mossoró. Entre eles, Luiz Fernando da Costa, mais conhecido como Fernandinho Beira-Mar, ex-líder do CV e considerado por autoridades como um dos maiores traficantes da América Latina.