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Após ser aprovado em nove universidades dos Estados Unidos, o jovem Fred Ramon, de 23 anos, natural da periferia do Recife (PE), partiu para a Califórnia em 2021 para cursar Ciências da Computação na Whittier College com uma bolsa de 70% - equivalente à economia de US$ 35 mil por ano. O restante era custeado por um doador voluntário que, desde novembro do ano passado, suspendeu o auxílio por falta de condições financeiras. Agora, o pernambucano tem se esforçado para reunir dinheiro e completar seus estudos.
Com previsão de se formar na metade de 2025, Fred conta que ficaram três semestres pendentes para que ele arcasse os custos com dinheiro do próprio bolso.
Por meio de uma vaquinha online, que foi aberta no mesmo mês em que o voluntário suspendeu as doações, Fred arrecadou cerca de R$ 94 mil - quase metade da meta estipulada pelo garoto: R$ 200 mil. Ele conta que também já recebeu quase R$ 7.000 por meio de doações diretas via pix.
“Felizmente, com o dinheiro que já arrecadei, consegui sanar as dívidas do primeiro semestre deste ano e já comecei a pagar as primeiras pendências desse segundo semestre. Porém, nada está garantido. Continuo precisando de ajuda para pagar o curso até o final e completar meus estudos. É meu grande sonho, lutei muito por isso”, afirma.
Ele também conta que conseguiu US$ 7.000 extras com a universidade após relatar a suspensão das doações e sua dificuldade financeira. Porém, acha pouco provável que a instituição o ajude novamente. “As mensalidades aumentaram muito neste ano e mais alunos têm recorrido a esse auxílio emergencial. Já me sinalizaram que a alta demanda dificultaria para que eu recebesse uma outra bolsa como essa”, diz.
Outros custos de vida
Segundo Fred, como forma de economizar em sua rotina, ele tenta ao máximo não sair do seu campus - que oferece moradia, alimentação e plano de saúde. Porém, vez ou outra, tem alguns tipos de gastos que a bolsa não contempla, como roupas, transporte e as passagens para visitar a família no Brasil.
“Desde agosto do ano passado faço um estágio acadêmico que permite, no máximo, 7 horas de trabalho semanais. Assim, ganho cerca de US$ 400 por mês e consigo pagar pequenas despesas do dia a dia. Porém, ainda é muito pouco para que eu consiga arcar com o que falta das mensalidades”, lamenta.
Sem pai e filho de faxineira
Nascido em uma família de baixa renda, Fred tem outro irmão de 20 anos e uma mãe solo que sempre trabalhou como faxineira para sustentar os dois. Interessado pelos estudos, ele conta que foi um canal de televisão que despertou sua vontade de aprender inglês.
“Por volta de 13 anos, eu adorava assistir os clipes internacionais que passavam na MTV, principalmente da cantora Christina Aguilera. Coloquei na cabeça que queria aprender o idioma e aproveitei alguns cursos gratuitos oferecidos pelo governo do estado. Aos 16 anos, já sabia me comunicar muito bem”, lembra.
No fim do ensino médio, descobriu uma seleção de emprego para trabalhar em um navio atracado em Dubai. Por ser fluente no inglês, acabou aprovado para ensinar dança aos passageiros de um cruzeiro. O trabalho se estendeu de dezembro de 2019 a fevereiro de 2020, quando a pandemia obrigou todos a ficarem em casa.
“Os meses foram passando e eu comecei a pensar em formas de estudar fora. Vi vídeos de pessoas ensinando o processo para se aplicar em universidades e comecei a anotar o passo a passo. Todas as instituições exigem testes de inglês e de nivelamento em redação e matemática. Cheguei a estudar 10 horas por dia durante a pandemia”, relembra Fred.
Além disso, teve que procurar todos os professores do ensino médio para recolher cartas de recomendação. “Foi um processo bem longo, mas compensou. Passei em nove universidades, consegui a bolsa e, por causa da repercussão na mídia, acabei atraindo a atenção do doador. Infelizmente, aconteceu esse imprevisto financeiro e, agora, torço para que a luta não tenha sido em vão”.
Apesar de todas as dificuldades, o jovem afirma que pretende continuar por um tempo nos EUA após se formar. “Sei que é um país bastante competitivo, mas quero ficar pelo menos um ano ganhando experiência. Também pretendo fazer um projeto social no Brasil para ajudar outros jovens da periferia a conseguirem estudar fora”, planeja.
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Por meio de uma vaquinha online, que foi aberta no mesmo mês em que o voluntário suspendeu as doações, Fred arrecadou cerca de R$ 94 mil - quase metade da meta estipulada pelo garoto: R$ 200 mil. Ele conta que também já recebeu quase R$ 7.000 por meio de doações diretas via pix.
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Ele também conta que conseguiu US$ 7.000 extras com a universidade após relatar a suspensão das doações e sua dificuldade financeira. Porém, acha pouco provável que a instituição o ajude novamente. “As mensalidades aumentaram muito neste ano e mais alunos têm recorrido a esse auxílio emergencial. Já me sinalizaram que a alta demanda dificultaria para que eu recebesse uma outra bolsa como essa”, diz.
Outros custos de vida
Segundo Fred, como forma de economizar em sua rotina, ele tenta ao máximo não sair do seu campus - que oferece moradia, alimentação e plano de saúde. Porém, vez ou outra, tem alguns tipos de gastos que a bolsa não contempla, como roupas, transporte e as passagens para visitar a família no Brasil.
“Desde agosto do ano passado faço um estágio acadêmico que permite, no máximo, 7 horas de trabalho semanais. Assim, ganho cerca de US$ 400 por mês e consigo pagar pequenas despesas do dia a dia. Porém, ainda é muito pouco para que eu consiga arcar com o que falta das mensalidades”, lamenta.
Sem pai e filho de faxineira
Nascido em uma família de baixa renda, Fred tem outro irmão de 20 anos e uma mãe solo que sempre trabalhou como faxineira para sustentar os dois. Interessado pelos estudos, ele conta que foi um canal de televisão que despertou sua vontade de aprender inglês.
“Por volta de 13 anos, eu adorava assistir os clipes internacionais que passavam na MTV, principalmente da cantora Christina Aguilera. Coloquei na cabeça que queria aprender o idioma e aproveitei alguns cursos gratuitos oferecidos pelo governo do estado. Aos 16 anos, já sabia me comunicar muito bem”, lembra.
No fim do ensino médio, descobriu uma seleção de emprego para trabalhar em um navio atracado em Dubai. Por ser fluente no inglês, acabou aprovado para ensinar dança aos passageiros de um cruzeiro. O trabalho se estendeu de dezembro de 2019 a fevereiro de 2020, quando a pandemia obrigou todos a ficarem em casa.
“Os meses foram passando e eu comecei a pensar em formas de estudar fora. Vi vídeos de pessoas ensinando o processo para se aplicar em universidades e comecei a anotar o passo a passo. Todas as instituições exigem testes de inglês e de nivelamento em redação e matemática. Cheguei a estudar 10 horas por dia durante a pandemia”, relembra Fred.
Além disso, teve que procurar todos os professores do ensino médio para recolher cartas de recomendação. “Foi um processo bem longo, mas compensou. Passei em nove universidades, consegui a bolsa e, por causa da repercussão na mídia, acabei atraindo a atenção do doador. Infelizmente, aconteceu esse imprevisto financeiro e, agora, torço para que a luta não tenha sido em vão”.
Apesar de todas as dificuldades, o jovem afirma que pretende continuar por um tempo nos EUA após se formar. “Sei que é um país bastante competitivo, mas quero ficar pelo menos um ano ganhando experiência. Também pretendo fazer um projeto social no Brasil para ajudar outros jovens da periferia a conseguirem estudar fora”, planeja.