Brasil247 - O tenente-coronel Marcelo Corbage defendeu nesta sexta-feira (31) os policiais que morreram na ação que deixou 121 mortos nos complexos da Penha e do Alemão, sendo a operação mais letal da história do estado do Rio de Janeiro.

“Salvaram a vida de outros colegas. É o momento de nos fortalecermos. Servir à Polícia Militar, ao Bope, é um sacerdócio. Estamos dispostos a sacrificar nossas vidas em prol da sociedade. Ninguém vai parar a gente”, disse o militar à Globo News.

 O Instituto Médico Legal (IML) do Rio de Janeiro identificou 100 das 121 vítimas fatais da Operação Contenção. Todos os corpos foram submetidos à necropsia, exame que determina a causa e as circunstâncias da morte. No entanto, os laudos periciais devem ser concluídos e divulgados dentro de um prazo de 10 a 15 dias úteis.

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio da Subprocuradoria-Geral de Direitos Humanos e Proteção à Vítima (SUBDH), também compareceu ao Instituto Médico-Legal Afrânio Peixoto, na zona portuária do Rio, nesta quinta-feira (30). O objetivo foi realizar perícia independente e prestar atendimento aos familiares das vítimas durante o processo de liberação dos corpos.

Governo federal

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, anunciou a criação de um escritório emergencial destinado ao enfrentamento do crime organizado no estado do Rio de Janeiro. O comunicado foi feito nesta quarta-feira (29), no Palácio da Guanabara, após reunião com o governador Cláudio Castro e outras autoridades estaduais.

Segundo Lewandowski, a nova estrutura servirá para agilizar a cooperação entre o governo federal e o estadual, eliminando barreiras burocráticas e integrando as forças de segurança das duas esferas. O objetivo é restabelecer a normalidade no estado o mais rápido possível. “Esse será um embrião do que queremos implementar nos estados com a PEC da Segurança Pública, para combater o flagelo que é a criminalidade organizada”, declarou o ministro.

O escritório também contará com a atuação do Comitê de Inteligência Financeira e Recuperação de Ativos (CIFRA), voltado à descapitalização de facções criminosas por meio de inteligência financeira, recuperação de bens e apoio técnico em investigações de lavagem de dinheiro. Além disso, participará a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO), iniciativa do Ministério em parceria com órgãos estaduais e federais.

O ministro também informou que foram disponibilizadas vagas no sistema prisional federal para a transferência de chefes de facções, além do reforço no contingente da Força Nacional de Segurança Pública e de peritos criminais.

Mais reações

No Congresso Nacional, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), determinou na última terça (29) a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado, após a chacina no Rio.

A Organização das Nações Unidas (ONU) e outras entidades fizeram críticas à maneira como aconteceu a operação policial contra a facção criminosa Comando Vermelho (CV), que nasceu no estado na década de 70. Atualmente, o CV conta com forte poderio econômico e tem ramificações em mais de 20 estados brasileiros.