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A faxineira Marcelle Oliveira, de 34 anos, abandonou uma diária de limpeza quando estava na metade do serviço por ser proibida pelo cliente de usar o micro-ondas da residência para esquentar uma marmita que trouxe de casa. Segundo a mulher, o homem, de cerca de 55 anos, informou à ela que o aparelho era destinado apenas aos moradores da casa. O caso ocorreu em Ipanema, na zona sul do Rio de Janeiro, na segunda-feira (27/2).
“Estou indo para minha casa, larguei a faxina para lá. Não poder esquentar meu almoço, que isso! Gente, diarista ou faxineira é ser humano igual a vocês. Não adianta ser doutor e não ter educação e respeito pelos outros”, desabafou Marcelle no perfil que mantém no Twitter para compartilhar as vivências diárias como faxineira, mãe solo e mulher negra. A publicação tem mais de 51 mil curtidas e 1,4 milhão de visualizações e causou revolta nas redes sociais.
Ao Portal Uol, Marcelle conta que o homem era o primeiro cliente da semana e que precisou acordar quatro horas antes do início da faxina para chegar ao tempo no bairro em que ele morava, em Ipanema, na Zona Sul do Rio de Janeiro. De pé desde às 4h da manhã da segunda, ela preparou a marmita e pegou um ônibus e um metrô para chegar ao local.
Quando chegou, a faxineira disse que o homem não respondeu o bom dia dado por ela e percebeu que ele não era muito de papo. Ela iniciou o serviço e limpou, durante a manhã, a sala de estar, de jantar e um banheiro. Por volta das 12h, ela parou a faxina para almoçar e perguntou ao cliente se poderia utilizar o micro-ondas.
“Ele disse que eu não poderia usar o micro-ondas porque é de uso dos moradores do apartamento. Eu olhei e perguntei novamente. Ele me respondeu mais uma vez e disse que os aparelhos domésticos são para os moradores da casa. Eu respirei, troquei de roupa e comuniquei a ele que estava indo embora”, contou Marcelle ao Uol.
Antes de ir embora, a prestadora de serviços pediu metade do pagamento dela e o homem negou. Ela havia negociado a limpeza por R$ 250 — valor para um apartamento grande de três quartos — mais o custo da locomoção e disse que levaria a marmita.
“Ele disse que não iria pagar porque não terminei o serviço. Nisso, eu vim embora para minha casa. Até hoje não me pagou. Eu me senti triste, porque trato todos os meus clientes de maneira respeitosa. Eu não pedi comida, pedi somente para esquentar minha marmita, algo que é normal para quem vai trabalhar, até porque saco vazio não para em pé”, declarou ao Uol.
Ela contou, ainda, que não moveria nenhuma ação judicial contra o homem por entender que só traria prejuízos. “Imagina eu, negra, doméstica, processar um homem branco e doutor que com certeza tem advogado. Não vale a pena, não. Eu publiquei na hora da minha revolta, pra que todos vejam a forma desumana que tem gente que trata os outros”, declarou.
No Twitter, local em que compartilhou o desabafo, Marcelle recebeu apoio. “Sinto muito! O brasileiro escravocrata é muito real, e existe em grande quantidade!”, escreveu uma usuária.
“Sinto muito, Marcelle. Infelizmente, muitos "doutores" ainda têm aquela mentalidade de 1800... Mas é isso aí, a gente vai pra cima e não se cala. Muita força!”, disse outra. Alguns usuários da rede social se prontificaram a fazer doações via PIX para a faxineira, que recusou passar a chave bancária e disse que o tuíte foi apenas um desabafo.
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A faxineira Marcelle Oliveira, de 34 anos, abandonou uma diária de limpeza quando estava na metade do serviço por ser proibida pelo cliente de usar o micro-ondas da residência para esquentar uma marmita que trouxe de casa. Segundo a mulher, o homem, de cerca de 55 anos, informou à ela que o aparelho era destinado apenas aos moradores da casa. O caso ocorreu em Ipanema, na zona sul do Rio de Janeiro, na segunda-feira (27/2).
“Estou indo para minha casa, larguei a faxina para lá. Não poder esquentar meu almoço, que isso! Gente, diarista ou faxineira é ser humano igual a vocês. Não adianta ser doutor e não ter educação e respeito pelos outros”, desabafou Marcelle no perfil que mantém no Twitter para compartilhar as vivências diárias como faxineira, mãe solo e mulher negra. A publicação tem mais de 51 mil curtidas e 1,4 milhão de visualizações e causou revolta nas redes sociais.
Ao Portal Uol, Marcelle conta que o homem era o primeiro cliente da semana e que precisou acordar quatro horas antes do início da faxina para chegar ao tempo no bairro em que ele morava, em Ipanema, na Zona Sul do Rio de Janeiro. De pé desde às 4h da manhã da segunda, ela preparou a marmita e pegou um ônibus e um metrô para chegar ao local.
Quando chegou, a faxineira disse que o homem não respondeu o bom dia dado por ela e percebeu que ele não era muito de papo. Ela iniciou o serviço e limpou, durante a manhã, a sala de estar, de jantar e um banheiro. Por volta das 12h, ela parou a faxina para almoçar e perguntou ao cliente se poderia utilizar o micro-ondas.
“Ele disse que eu não poderia usar o micro-ondas porque é de uso dos moradores do apartamento. Eu olhei e perguntei novamente. Ele me respondeu mais uma vez e disse que os aparelhos domésticos são para os moradores da casa. Eu respirei, troquei de roupa e comuniquei a ele que estava indo embora”, contou Marcelle ao Uol.
Antes de ir embora, a prestadora de serviços pediu metade do pagamento dela e o homem negou. Ela havia negociado a limpeza por R$ 250 — valor para um apartamento grande de três quartos — mais o custo da locomoção e disse que levaria a marmita.
“Ele disse que não iria pagar porque não terminei o serviço. Nisso, eu vim embora para minha casa. Até hoje não me pagou. Eu me senti triste, porque trato todos os meus clientes de maneira respeitosa. Eu não pedi comida, pedi somente para esquentar minha marmita, algo que é normal para quem vai trabalhar, até porque saco vazio não para em pé”, declarou ao Uol.
Ela contou, ainda, que não moveria nenhuma ação judicial contra o homem por entender que só traria prejuízos. “Imagina eu, negra, doméstica, processar um homem branco e doutor que com certeza tem advogado. Não vale a pena, não. Eu publiquei na hora da minha revolta, pra que todos vejam a forma desumana que tem gente que trata os outros”, declarou.
No Twitter, local em que compartilhou o desabafo, Marcelle recebeu apoio. “Sinto muito! O brasileiro escravocrata é muito real, e existe em grande quantidade!”, escreveu uma usuária.
“Sinto muito, Marcelle. Infelizmente, muitos "doutores" ainda têm aquela mentalidade de 1800... Mas é isso aí, a gente vai pra cima e não se cala. Muita força!”, disse outra. Alguns usuários da rede social se prontificaram a fazer doações via PIX para a faxineira, que recusou passar a chave bancária e disse que o tuíte foi apenas um desabafo.