Felipe Resk

Em São Paulo

UOL

"Deus fez justiça na Terra." Foi assim que Rosa Correia reagiu à sentença que condenou o policial militar Victor Cristilder a 119 anos, 4 meses e 4 dias de prisão por participar da maior chacina da história de São Paulo, que terminou com 17 mortos e 7 feridos em Osasco e Barueri, na Grande São Paulo, em agosto de 2015. Ele foi o último réu a ser julgado. Em setembro, outros dois PMs e um guarda civil haviam sido considerados culpados pelos ataques.

Rosa Correia é mãe de Wilker Osório, morto com 40 tiros nos ataques. "Estão colhendo o que plantaram." Sentada na área reservada ao público, Rosa chorou no julgamento quando o nome do filho foi mencionado em plenário.

"O enterro foi em caixão fechado, né, dona Rosa?", perguntou a defensora pública Maíra Coracini Diniz, na fase de debates.

Mãe de Fernando Luiz de Paula, Zilda Maria vestia o boné no filho. Ele foi morto no Bar do Juvenal, o maior dos ataques.

"Até o dia que eu respirar vou viver esse horror", afirmou. "Toda quinta, olho no relógio e na hora penso no meu filho com um tiro na testa", afirmou. "Tenho dó da família deles [condenados], mas deviam ter pensado nisso antes."

Antes da leitura da sentença, parentes de Cristilder e dos outros condenados deixaram o fórum aos prantos. "Essa Justiça é injusta!", gritou uma tia do PM, levada para o lado de fora. A mulher de Cristilder havia deixado o tribunal mais cedo. Segundo parentes, ela passou mal.