A crise financeira dos Correios ameaça o atendimento a servidores da estatal pela Postal Saúde, operadora de plano de saúde dos funcionários, com mais de 200 mil beneficiários. Atrasos em repasses dos Correios à Postal desde outubro de 2024 têm levado à falta de pagamento da operadora a clínicas credenciadas, que avaliam interromper em 2026 os atendimentos a pacientes com problemas renais.

Relatórios oficiais indicam que a operadora enfrenta risco de paralisar as atividades, caso os pagamentos dos Correios não sejam mantidos.

Comunicações entre uma das clínicas credenciadas e a Postal, acessadas pela coluna, mostraram cobranças pela regularização das dívidas. Outras clínicas ouvidas também confirmaram os problemas. Elas afirmam que a continuidade do atendimento aos pacientes renais não é mais sustentável diante dos pagamentos em atraso.

Conforme a Federação Nacional das Associações de Pacientes Renais e Transplantados do Brasil (Fenapar), as unidades têm mantido o atendimento a servidores dos Correios, mesmo sem receber há meses.

“O paciente renal não pode ficar sem tratamento, porque isso significa risco de morte”, afirmou Humberto Floriano Mendes, diretor da Fenapar.

A Postal Saúde depende financeiramente dos Correios. Na prática, estatal é responsável por aportar recursos na operadora, mas, desde 2022, não é mais obrigada a cobrir integralmente os prejuízos dela. A mudança veio após uma alteração de regime exigida pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Os Correios, contudo, seguem sendo responsáveis por 30% das receitas da Postal.

O problema relacionado à operadora do plano de saúde dos servidores se agravou após a estatal registrar prejuízo de R$ 4,3 bilhões no primeiro semestre de 2025 e buscar um empréstimo de R$ 20 bilhões para evitar colapso de caixa.

Em nota à coluna, os Correios afirmaram que a estatal e a Postal Saúde “estão atuando para garantir o atendimento aos beneficiários”.