O casamento finalmente ocorreu no dia 23 de outubro, em Sinop (MT), onde o casal se conheceu na faculdade. O planejamento para a festa de casamento, iniciado em junho de 2019, começou depois de quase 10 anos de namoro.
“Nós assinamos o primeiro contrato, com a cerimonialista, em junho de 2019. Mas até então era só planejamento. Em julho começamos a contratar os outros fornecedores. O casamento estava marcado para o dia 13 de junho de 2020. No entanto, quando a pandemia explodiu, em março, a gente não havia remarcado”, conta Silvia Ramos Emerick.
O casal manteve a data, até ver que a pandemia não era passageira. “Em maio, nós vimos que realmente era inviável fazer o casamento, tanto por segurança própria, quanto segurança dos nossos convidados, porque viriam aproximadamente 150 convidados da região do Espírito Santo, que é da família do Douglas, e de Minas Gerais e Goiás, da minha família e ainda nossos amigos aqui de Sinop. Estava bem crítica a situação aqui, então nós optamos por adiar o casamento pela primeira vez para setembro”, completa Silvia.
Mas setembro chegou e a pandemia estava longe de acabar. “Adiamos para setembro porque não imaginávamos que a pandemia duraria tanto tempo. Nós não tínhamos noção da gravidade no início da pandemia, quando o estado e a cidade resolveram fazer o fechamento junto ao Brasil inteiro, praticamente. Nós ficamos com muito medo e remarcamos pela segunda vez o casamento, de setembro de 2020 para abril de 2021”, relata Silvia.
Antes de remarcar para 2021, Silvia descobriu que estava grávida. “Em abril de 2020 a gente descobriu que eu estava grávida. Então tudo isso foi um motivo a mais para redobrar o cuidado com relação à pandemia, à nossa saúde, da nossa filha e dos nossos familiares em geral”.
O tão sonhado casamento finalmente ocorreu no mês passado. “Graças a Deus em 2021 as coisas começaram a melhorar. Em julho de 2021 cerca de 80% dos convidados já estavam vacinados com a segunda dose da vacina, então isso acabou gerando uma segurança muito maior. Também tinha álcool em gel disponível e as mesas foram separadas por grupos de convivência. Como o casamento foi realizado em uma chácara, o ambiente era aberto”, conta a recém-casada.
Aumento nos gastos
Mesmo com as remarcações da data, Silvia conta que não houve muita variação nos gastos. O preço final variou um pouco especialmente por causa da mudança do local da festa. “Com relação a multas e ressarcimentos, não tive um gasto muito elevado, a gente não pagou multa. O cenário da pandemia fez a gente reduzir para 100 pessoas [antes eram 150] porque as coisas tiveram reajuste, como a comida. Mas, conforme as pessoas foram tomando a segunda dose da vacina, aumentamos para 150 convidados de novo. A gente pagou uma diferença de buffet e de local, pois mudamos a data para outubro, e em Sinop chove muito nesse período. Então o que pagamos fora do contratado foi por causa das mudanças climáticas e por aumentar os convidados”.
Já o casal Ana Karollyne e William (imagem de destaque), moradores de São Bernardo do Campo (SP) marcou a cerimônia de casamento para julho de 2021. Mesmo com a pandemia ainda em curso, eles não adiaram o evento, que começou a ser planejado em 2019, depois de quatro anos de relacionamento.
“Passamos por um período de dúvidas mesmo, porque a gente não sabia se seria possível realizar [a festa]. [Era] tudo muito novo e ninguém entendia direito o que estava acontecendo. Resolvemos não adiar, pois sempre confiamos em Deus para que esse momento tão sonhado por nós se realizasse como desejávamos. Quando nos casamos, já tinha uma grande parte dos nossos convidados vacinados com pelo menos uma dose da vacina”, conta a analista de materiais Ana Karollyne Fernandes.
Medidas de segurança
A cerimônia religiosa foi em uma igreja católica, seguindo as medidas e protocolo de segurança. “No máximo 200 pessoas na igreja, sentando duas pessoas por banco (uma em cada ponta) e intercalando os bancos, um banco com duas pessoas, um banco com uma pessoa, para seguir o distanciamento. Os padrinhos foram autorizados a sentar juntos. Houve aferição de temperatura na entrada e utilização de álcool em gel. Todos tiveram que utilizar máscara de proteção, em todos os momentos, com exceção dos noivos”, detalhou Ana Karollyne.
Para a realização da festa, o casal adotou diversas medidas. “A primeira foi o horário, nos casamos de manhã, pois a minha cidade estava com ‘toque de recolher’ [em vigor]. A cerimônia foi às 11h, depois teve a festa e terminou às 19h30. A princípio nos casaríamos à noite, iniciando as 20h”, contou a recém-casada.
Assim como para a cerimônia religiosa, a festa também contou com protocolos de segurança e higiene: “organizamos todas as mesas com, no máximo, oito cadeiras (a capacidade antes da pandemia era de 12 cadeiras), todas com integrantes da mesma família ou pessoas de convívio diário. Colocamos álcool em gel em todas as mesas e nos banheiros. Não teve pista de dança. O uso de máscara foi obrigatório e o almoço servido no prato pronto, para evitar filas e aglomerações para servir”.
De acordo com Ana Karolinna, nenhum convidado adoeceu, após o evento. “Os convidados respeitaram e super elogiaram as medidas de segurança. Não tivemos nenhum caso relatado de contaminação após o casamento, graças a Deus”.
Para o casal, não houve alteração de valores. “Já seria em julho de 2021. Desde o início nos planejamos para que fosse na data em que aconteceu. Em questão de valores não tivemos alteração, pois todos os contratos foram fechados em 2019, 2020”.
Orçamento mais caro
Para quem não fechou contrato antes da pandemia, no entanto, casar em 2021 ficou mais caro. Conforme apurou a reportagem da Agência Brasil em um buffet da Zona Leste de São Paulo, uma festa para 50 pessoas em 2020, com a opção de cardápio mais barata e locação do espaço custava R$ 23.650.
Em 2021, o valor para um evento idêntico subiu para R$ 25.150. Já quem quiser deixar para 2022 uma festa no mesmo padrão vai desembolsar R$ 26.900. A simulação do evento feita pela reportagem não inclui decoração - que não sai por menos de R$ 5 mil -, nem som, DJ e iluminação, que fica em torno de R$ 4 mil.
Expectativas do setor
De acordo com dados de um site especializado em organização e consultoria de casamentos, 150 mil bodas devem ser organizadas pela empresa www.casamentos.com.br até o final de 2021. “O avanço da vacinação e a queda na transmissão do vírus coincidem com a celebração dos enlaces previstos para o final do ano”, aponta a empresa, que registrou aumento de 92% no número de novos usuários, nos últimos seis meses.
A busca por fornecedores segue a tendência positiva. O número de pedidos de orçamentos desde o início de outubro deste ano é 35% maior do que as solicitações de orçamentos de fornecedores feitas por casais no mesmo período de 2019.
A empresa especializada espera fechar o ano com mais de 700 mil casamentos celebrados no país, muito próximo das cifras de 2020 que ainda teve um primeiro trimestre pré-pandêmico, mas ainda longe das cifras de 2019, quando organizou ou assessorou mais de 965 mil casamentos pelo país.
Os dados mostram que seis em cada dez casais adiaram a data de casamento marcada para 2020. Boa parte deles remarcaram para até dezembro de 2021. Tradicionalmente os meses de setembro a dezembro estão entre os mais procurados para esse tipo de celebração. Um em cada três dos noivos que buscaram o site pretendem convidar até 150 pessoas; apenas 15% terão no máximo 50 convidados.
Tendências
Além da diminuição no número de convidados, outras tendências foram observadas em celebrações marcadas para 2021, pensando na segurança e na economia. Casais buscam cada vez mais eventos durante o dia e ao ar livre, assim como festas mais intimistas, onde apenas a família participa. Para quem não abre mão de dividir o dia com muitos amigos, o casamento com transmissão online permite que pessoas de outras cidades acompanhem o momento do sim.
Casar durante a semana é uma opção para quem quer economizar, pois as locações e serviços costumam oferecer descontos entre segunda e quinta-feira.
Outras medidas para evitar filas e aglomerações entre os convidados incluem o momento de servir a comida e a bebida: a tendência é substituir os bares por cardápios de coquetéis e drinks que o próprio convidado leva até sua mesa. Já o sistema de self service vem sendo substituído por pratos montados e servidos nas mesas.