Para o Ministério da Saúde, ações para melhorar o diagnóstico,como a oferta do teste rápido,

e a redução do tempo entre a detecção da infecção e o início do tratamento estão ligadas à queda

O número de casos e óbitos por aids no Brasil caiu 16%, segundo novo boletim epidemiológico apresentado nesta terça-feira, 27, pelo ministro da Saúde Gilberto Occhi durante o lançamento da campanha que comemora os 30 anos do Dia Mundial de Luta contra a Aids. O ministério anunciou também que, a partir do próximo ano, serão distribuídos autotestes para detecção do vírus HIV no Sistema Único de Saúde (SUS) por meio de um projeto-piloto em municípios de Estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Bahia e Amazonas.
A taxa de detecção de aids passou de 21,7 casos por 100 mil habitantes, em 2012, para 18,3 no ano passado, uma queda de 15,7%. A taxa de mortalidade caiu 16,5%: de 5,7 óbitos por 100 mil habitantes (2014) para 4,8 (2017).

"Após esses 30 anos de luta contra a doença, é um momento de grande reflexão pelos avanços que temos conseguido. O Brasil tem sido uma referência mundial na questão do HIV e aids, naquilo que conseguimos reduzir na mortalidade e no avanço da doença e nas soluções para quem porta a doença. Também de reflexão sobre o que podemos fazer, alertar, a prevenção e a atenção para os nossos jovens", afirma Occhi.

Para o Ministério da Saúde, ações para melhorar o diagnóstico, como a oferta do teste rápido, e a redução do tempo entre a detecção da infecção e o início do tratamento estão ligadas à queda.

"O ministério adotou o teste rápido, que foi importante para o processo de detecção da infecção pelo vírus. A oferta passou de 11,5 milhões em 2017 para 12,5 milhões neste ano. Essa distribuição é fundamental para que seja garantido o rápido acesso ao tratamento. Tivemos um crescimento expressivo, desde 2009, na quantidade de pessoas em tratamento dentro do País", diz Osnei Okumoto, secretário de Vigilância em Saúde da pasta.

Em dez anos, no período de 2007 a 2017, também houve redução da taxa de detecção de HIV em bebês, que caiu 43%. A ampliação da testagem em gestantes pela Rede Cegonha contribuiu para que a transmissão vertical do vírus - da mãe para o bebê durante a gestação - apresentasse queda de 56% nos últimos sete anos.

"Realizamos as testagens no início e no final da gravidez. A participação do grupo multiprofissional de trabalho é importante para ter o tratamento dessas pacientes e para que não tenha a transmissão para os recém-nascidos."

Autoteste

Vendido em farmácias, o autoteste começará a ser distribuído na rede pública a partir de janeiro. Serão 400 mil unidades nas cidades de São Paulo, Santos, Piracicaba, São José do Rio Preto, Ribeirão Preto e São Bernardo do Campo, Rio de Janeiro, Curitiba, Florianópolis, Salvador, Porto Alegre, Belo Horizonte, Manaus. A proposta é entregar o teste para populações-chave e pessoas que fazem uso de medicamentos pré-exposição ao vírus e seus parceiros.

"Com isso, teremos quebrado uma barreira muito grande, que é a mesma que a mulher enfrenta ao sofrer a agressão: o medo de como será atendido. Ao quebrar essa barreira, vamos melhorar a nossa sociedade", diz Occhi.

Em 2017, a estimativa do Ministério da Saúde é de que 866 mil pessoas viviam com o vírus no Brasil, das quais 559 mil são homens e 307 mil, mulheres. Desse total, 731 mil (84%) já tinhas recebido o diagnóstico, 548 mil (75%) estavam em tratamento e 503 mil (92%) já tinham carga viral indetectável.