Por Alana Gandra - Agência Brasil - Rio de Janeiro
A campanha Não é Não!, de combate ao assédio, lançada há três anos pela estilista Aisha Jacob e um grupo de amigas, terá reforço este ano no país. O carnaval 2019 marca a adesão à campanha, pela primeira vez, de Curitiba e Goiânia. Como nos anos anteriores, ela se repetirá no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte, São Paulo, Brasília, Belém, Salvador, Recife e Olinda.
Graças a uma operação de crowdfunding, ou “vaquinha online”, encerrada na última segunda-feira (21), serão produzidas 25 mil tatuagens não permanentes Não é Não! para distribuição gratuita a mulheres nos eventos pré-carnaval e durante a folia de Momo no Rio de Janeiro. A campanha arrecadou no Rio R$ 15 mil. Ao todo, no país, serão produzidas 100 mil tatuagens não permanentes.
Em cada cidade, há uma quantidade de tatuagens produzidas, de acordo com as doações recebidas. Aisha Jacob informou hoje (23 ) à Agência Brasil que apesar dos diversos valores obtidos, o total mínimo que cada capital participante da campanha receberá são quatro mil tatuagens.
A distribuição oficial no Rio começará no primeiro final de semana de fevereiro. Foi criada uma rede de embaixadoras que fazem a administração da campanha em cada região, informou Aisha Jacob. Se o azul e roxo foram as cores que predominaram nas tattoos do carnaval de 2018, este ano, a preferência será pelo rosa e vermelho, além de branco e preto. Um único fornecedor, de São Paulo, responde pela produção de todas as tatuagens do coletivo.
Só mulheres
As tatuagens são distribuídas somente para mulheres, embora alguns homens peçam também as peças. “Eles pedem, mas não recebem. Mas é um bom exercício, porque eles (os homens) precisam aprender a não ser protagonistas em todas as histórias e batalhas”, disse a estilista e designer.
Aisha disse que a campanha atendeu o seu objetivo no carnaval passado. “A gente ouviu até que foi o carnaval do Não é Não! Foi muito positivo ouvir isso“. Segundo ela, trata-se de um projeto de reeducação tanto feminina quanto masculina. “Acho que a gente ainda tem muito que alcançar e melhorar. É um projeto de reeducação mesmo, que deveria começar pela escola”.
Para os homens que ainda teimam em não ficar inibidos diante das tatuagens contra o assédio, Aisha Jacob lembrou que a rede de mulheres criada pela campanha virou quase um escudo de proteção. “As mulheres se olham, sabem que podem se ajudar e recorrer umas às outras. Se você olha uma mulher tatuada com o Não é Não!, você sabe que ela fala a mesma língua. É um apoio entre as mulheres”.
A campanha conta com parceria de 14 marcas e 37 blocos de rua no Rio de Janeiro, entre os quais Mulheres Rodadas, Agytoe, Guaraná, Mulheres de Chico, Bloco 442, Charanga Talismã, Fogo e Paixão; em Belo Horizonte, são 37 blocos parceiros; 26 em São Paulo; dois blocos em Belém; um bloco em Salvador; dois blocos e seis casas em Pernambuco; e dez blocos parceiros em Curitiba. Aisha destacou que a capital paranaense é a única em que a campanha foi abraçada também por três escolas de samba.