A paralisação dos caminhoneiros autônomos prevista para esta quarta-feira em todo o Brasil foi confirmada em Pernambuco pelo líder do movimento independente da categoria e a movimentação nas estradas do estado está marcada para começar a partir das 6h. Entre as reivindicações está o destravamento do Ciot (Código Identificador da Operação de Transporte) para todos, que regulamenta o pagamento do valor do frete referente à prestação dos serviços de transporte rodoviário de cargas. Além disso, o julgamento da constitucionalidade do piso mínimo de frete, que aconteceria nesta quarta-feira e foi adiado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ainda sem data definida, também está entre os pleitos. A paralisação não tem prazo prévio para ser encerrada.

Segundo Marconi França, líder de forma independente do movimento dos caminhoneiros autônomos no Recife, houve uma reunião na última segunda-feira com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, mas que não se chegou a um acordo efetivo. "Tive uma conversa com ele, que se mostrou com boa vontade de nos ajudar, mas existem coisas acima dele. Ele falou que está trabalhando e prometeu que vai tirar do papel o sistema do Ciot para todos, mas que precisa de prazo. A gente respeitou todos os prazos que o governo nos pediu, agora não temos como mais. No dia 23 de julho o ministro prometeu que resolveria em 30 dias a implantação do Ciot, só que agora não temos mais prazo para dar", afirmou. 

Segundo ele, a paralisação será realizada nesta quarta-feira a partir das 6h em pontos como na frente da Vitarella e da Coca-Cola, na BR-101. "Existe uma mobilização, mas deixar o direito de ir e vir, inclusive respeitando caminhões de medicamentos e os de água que estiverem indo para hospitais", ressaltou. 

Até o fechamento desta matéria, a reportagem tentou contato com o Sindicato dos Transportadores Autônomos de Cargas do Estado de Pernambuco (Sintracape), mas não teve retorno. Já a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), que representa o interesse de cerca de 600 mil caminhoneiros autônomos de todo o Brasil, emitiu nota oficial nesta terça-feira e informou que está acompanhando de perto as discussões vigentes nos órgãos superiores e a movimentação da categoria a respeito do piso mínimo do frete.

A entidade afirmou que, por ora, não vai se posicionar em relação à greve porque já está lidando com ônus judicial gerado pela paralisação de 2012, em São Paulo, e a paralisação nacional de 2018. Por fim, a Abcam ressaltou que não medirá esforços para garantir melhores condições de trabalho para a categoria, seja com a criação de novas políticas ou renovação das já existentes.

Confira a nota oficial da Abcam:

A Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) tem acompanhado de perto as discussões vigentes nos órgãos superiores e a movimentação da categoria a respeito da Tabela de Fretes. Reconhecemos e respeitamos a autonomia da categoria, é importante a discussão e temos trabalhado em busca de soluções viáveis a todos.


A Associação representa os interesses de, aproximadamente, 600 mil caminhoneiros autônomos em todo o país. Estamos empenhados em criar recursos práticos para a categoria, de forma que facilite o contato entre embarcadores e caminhoneiros, aumentando a oferta de fretes.


Por ora, não nos posicionaremos com relação a greve, pois ainda estamos lidando com o ônus judicial gerado pela paralisação de 2012, em São Paulo e a paralisação nacional de 2018. Não mediremos esforços para garantir melhores condições de trabalho para a categoria, seja com a criação de novas políticas ou renovação das já existentes.