Em uma tentativa de aprimorar a experiência dos passageiros de poltronas premium, a LATAM Airlines anunciou recentemente uma regra que restringe o uso do banheiro dianteiro em seus aviões exclusivamente aos ocupantes das três primeiras fileiras, consideradas como "primeira classe" ou cabine premium. A medida, que entrou em vigor em voos selecionados, promete maior privacidade e conforto para quem paga mais pela viagem, mas rapidamente se transformou em alvo de críticas acaloradas nas redes sociais, com acusações de elitismo e desigualdade a bordo.

De acordo com a companhia aérea, o banheiro "premium" faz parte de um pacote de melhorias na cabine Premium Economy, que inclui assentos mais espaçosos, reclinação extra e serviços exclusivos como embarque prioritário e compartimentos separados para bagagens de mão. No entanto, a exclusividade do toalete – posicionado na parte frontal da aeronave, mais próximo e acessível para quem viaja nas fileiras iniciais – foi o estopim para uma onda de indignação. Passageiros comuns relatam que a restrição pode gerar constrangimentos em voos longos, especialmente para famílias, idosos ou pessoas com necessidades especiais que ocupam assentos mais ao fundo.

A LATAM justificou a iniciativa como uma forma de "garantir o descanso e a privacidade" dos clientes premium, alinhando-se a práticas adotadas por outras companhias internacionais, como a Emirates e a British Airways, que também segregam instalações sanitárias por classe. "É uma evolução natural para oferecer um serviço diferenciado", afirmou um porta-voz da empresa em nota oficial.

Reclamações nas Redes

Nas redes sociais, a repercussão foi imediata e unânime em tom de protesto. Usuários compartilharam experiências pessoais de voos desconfortáveis e ironizaram a medida como um "luxo desnecessário" em tempos de inflação e passagens caras. As queixas vão além do banheiro e tocam em problemas recorrentes com a LATAM, como taxas abusivas para bagagens e downgrades de assentos.

Um vídeo publicado no TikTok pelo perfil @viajandocomoluiz, dedicado a dicas e experiências de viagens, viralizou nas últimas horas ao criticar a recente medida da LATAM Airlines de reservar o banheiro frontal de aeronaves exclusivamente para passageiros das cabines premium. Com mais de 50 mil visualizações em menos de 24 horas, o conteúdo reflete o descontentamento crescente de viajantes comuns com políticas que, segundo o criador, promovem uma "segregação desnecessária" a bordo.

No vídeo, o apresentador Luiz, um influenciador conhecido por compartilhar relatos autênticos de voos no Brasil e exterior, inicia com uma pergunta direta: "Vocês sabiam que a LATAM agora tem banheiro exclusivo para quem paga mais? Tipo, primeira classe tem banheiro VIP, e o resto da gente que se vire com o de trás?" Ao longo dos 45 segundos de duração, Luiz alterna entre takes rápidos de si mesmo gesticulando indignado e clipes curtos de ilustrações animadas: um passageiro premium relaxando em uma poltrona espaçosa enquanto acessa um banheiro limpo e vazio na frente da aeronave, contrastando com uma fila caótica de passageiros econômicos disputando o toalete traseiro em um corredor lotado.

A narração continua: "Eu voei com eles semana passada de São Paulo pra Buenos Aires, e a comissária me parou no caminho pro banheiro da frente. 'Só pra premium', ela disse. Imagina um voo de 10 horas pra Europa? Isso é humilhante!" O criador não poupa ironias, comparando a regra a "um clube privado dentro do avião" e questionando: "Por que não investem em mais banheiros pra todo mundo em vez de dividir o que já tem?". Ele menciona que a medida vale para aviões como o Boeing 787 em rotas selecionadas, citando fontes como reportagens, e incentiva os espectadores a "compartilharem se já passaram por isso". Hashtags como #LATAMFail, #BanheiroPremium e #ViagemComOlhoAberto acompanham o post, junto a um call-to-action: "Comenta aí se você boicotaria uma companhia que faz isso!"

Memes

Memes e piadas não demoraram a surgir. Um usuário comparou a regra a "placas antigas de elevadores exclusivos para diretores", revivendo debates sobre desigualdade social. Outro, @ozopilote, lembrou um caso antigo de assento "conforto especial" que custou R$ 120 por pessoa, mas resultou em colocação ruim, reforçando a percepção de que a LATAM prioriza lucros sobre conforto geral. Perfis de notícias como @Mixvale e @18horasnews amplificaram o debate, com posts sobre a "onda de críticas" que já ultrapassam centenas de menções.

Especialistas em direito do consumidor alertam que a medida pode violar o Código de Defesa do Consumidor (CDC), especialmente se causar transtornos desproporcionais. "Restrições como essa precisam ser claras no momento da compra da passagem", opina um advogado especializado em aviação.

O que diz a LATAM?

Procurada pela reportagem, a LATAM informou que a restrição é "temporária e experimental" em aeronaves específicas, como os Boeing 787, e que tripulantes estão orientados a mediar situações excepcionais, como emergências médicas. A companhia também destacou benefícios da Premium Economy, como poltronas com assento central bloqueado e gastronomia aprimorada, para atrair quem busca upgrades.

"LATAM Airlines Brasil esclarece que segue a prática mundial de uso de toaletes por cabine, garantindo privacidade e a experiência adequada ao produto adquirido pelo cliente, em conformidade com as normas da ANAC e a legislação brasileira aplicável. Em situações específicas — como atendimento a passageiros com necessidades especiais, emergências ou para equilibrar o fluxo de pessoas a bordo —, a tripulação pode autorizar o uso por outros clientes".

Cobrança por bagagem de mão completa um ano

Paralelamente, a tarifa Basic — que não inclui bagagem de mão gratuita em voos internacionais com origem no Brasil — completou um ano em operação. Lançada em 9 de outubro de 2024, inicialmente na rota Rio de Janeiro–Santiago, a categoria foi estendida gradualmente a destinos na Europa, Estados Unidos e demais países da América do Sul.

Nessa modalidade, o passageiro pode levar apenas um artigo pessoal (mochila ou bolsa que caiba sob o assento). Qualquer mala de mão de até 10 kg é cobrada à parte: valores variam de 10 a 30 dólares se adquiridos com antecedência pelo site ou aplicativo, e podem chegar a US$ 60 no balcão do aeroporto. A LATAM afirma que a tarifa Basic permite preços até 30% mais baixos em relação às categorias que incluem bagagem de mão.

Em dezembro de 2024, Procon-SP e Procon de outros estados notificaram LATAM, Gol e Azul para prestarem esclarecimentos sobre a comunicação das novas regras. Em 2025, projetos de lei que visam proibir ou limitar a cobrança por bagagem de mão seguem em tramitação no Congresso Nacional, sem votação concluída até o momento.