Presidente reagiu à hostilidade de foliões com ataques ao carnaval, em atitude incomum para o cargo e própria de quem não suporta contestação
O tuite de Bolsonaro mostrando dois homens praticando na rua o ‘golden shower’ (banho dourado, em que a pessoa obtém prazer urinando no parceiro) tem a ver com preferências sexuais exóticas e não com o carnaval em si. A cena poderia ocorrer em qualquer período, sem ligação com blocos e samba. Mesmo assim o presidente não se conteve em usá-la para denegrir a maior festa brasileira, associando-a a permissividade e imoralidade.
É inusitado um chefe de governo atacar a imagem do evento que mais mobiliza pessoas e movimenta a cadeia econômica do turismo em seu país. Talvez, ele seja o primeiro no mundo a fazer algo assim. A atitude de Bolsonaro é tão excêntrica quanto a dos caras que ele exibiu no seu tuite.
A postagem pornográfica foi nesta terça (05/02), após Bolsonaro ser alvo de hostilidades de foliões e artistas. Até onde se recorde, nenhum presidente brasileiro passou incólume pelo carnaval; são incontáveis os políticos que foram vítimas de zombaria. Mas, a maioria engoliu em seco ou levou no bom humor. A novidade no caso de Bolsonaro é a sua reação irada e impulsiva, a ponto de se virar contra o próprio carnaval. O tuite revela intolerância do presidente à crítica; ele não suporta ser questionado. E essa dificuldade em lidar com o contraditório pode vir a ser um dos maiores entraves para o seu governo.