Conheça destinos litorâneos onde roteiros históricos e culturais são atrativos tão interessantes quanto os atributos de sol e mar
Por Geraldo Gurgel
Já pensou em ir a Fortaleza, Salvador, Florianópolis e Vitória sem pensar em praia? Para muitos turistas, os roteiros de história e cultura são o principal motivo de viagem para essas capitais, uma amostra da diversidade de oferta turística no Brasil.
De acordo com o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, a diversificação do mercado aumenta o tempo de permanência do turista no destino, “mas para isso é preciso estruturar roteiros competitivos”. Quanto mais diferenciada e exclusiva for a oferta turística, o turista terá mais opção de escolha, influenciando a tomada de decisão por aumentar o período de visitação na cidade: “além de ficar mais tempo viajando, ele pode optar por voltar ao destino em busca de novidades. Hoje, o turista busca experiências que incluem vivenciar a cultural do local visitado”, diz.
Com 13 museus, igrejas, praças famosas, além de mercados público e de artesanato, a capital cearense prepara roteiros para atrair os visitantes ao centro de Fortaleza. A cidade que tem recebido cada vez mais turistas brasileiros e estrangeiros em busca de sol e mar, quer levar os visitantes para conhecer também os atrativos históricos e culturais que estão pertinho das principais praias urbanas. Um dos projetos, já em fase de implantação, será executado através de uma linha especial de ônibus hop on hop off.
O modelo permite que o turista compre o bilhete para um determinado período, com várias opções de parada, podendo subir e descer do ônibus de dois andares nos diversos pontos turísticos do centro histórico. A proposta, segundo o secretário municipal de Turismo de Fortaleza, Regis Medeiros, visa ampliar a oferta de atrativos para que o visitante fique mais tempo na cidade. Ele diz que os roteiros já existem, mas ainda são explorados timidamente pelas agências de receptivo. “Vamos divulgar e estruturar os roteiros para ampliar a visitação e explorar outros atrativos da cidade que vão além das praias”, explica Medeiros.
Quando desembarcou em Salvador há 15 anos, o francês Nicolas Saint Michel decidiu ficar e montou uma agência de receptivo para estrangeiros na capital baiana. Ele passou a mostrar a cidade da forma como gostou de conhecer: com uma proposta de imersão cultural na culinária, no candomblé, mercados e feiras livres. A agência, hoje, organiza passeios com informações em vários idiomas pelo Pelourinho, Cidade Baixa, Comércio e Ribeira. “É um turismo autêntico. Promovemos encontros sinceros e calorosos. O visitante descobre outros aspectos de Salvador. A Feira de São Joaquim é um dos locais favoritos dos turistas”, disse ele, que também faz excursões pela Colina do Bonfim e Península de Itapagipe, visitando os bairros populares banhados pela Baía de Todos os Santos.
Florianópolis, um dos destinos mais badalados do verão, com mais de 100 praias em torno da Ilha de Santa Catarina e noites agitadas, já encontrou um jeito diferente de atrair turistas ao centro histórico da capital. O passeio a pé percorre pontos turísticos dos mais tradicionais – como a Praça XV de Novembro, onde a cidade foi fundada, em 1662. No centro da praça está a Figueira Centenária e, entre os museus e prédios históricos, está o Palácio Cruz e Sousa, antiga sede do governo do estado.
Já o Largo da Alfândega recebe feiras de artesanato, produtos orgânicos e eventos culturais, além do tradicional Mercado Público, polo gastronômico e ponto de encontro da cidade. Fora do centro, o visitante ainda poderá conhecer distritos históricos como Santo Antônio de Lisboa, no caminho para as praias ao norte. Em direção ao sul, o distrito de Ribeirão da Ilha foi um dos principais portos de chegada dos imigrantes vindos da ilha dos Açores, em Portugal. Ambos preservam o casario colonial e fazem parte do roteiro gastronômico de Florianópolis.
Além do sol e do calor típicos de Vitória (ES), com uma orla repleta de atrativos naturais, a capital capixaba também ferve nas noites de verão. O programa Mar da Música, com mais de 30 shows gratuitos, é uma das atividades culturais mais procuradas durante a alta estação. As apresentações artísticas ocorrem em diferentes pontos da capital capixaba, que também são atrativos turísticos: praça Getúlio Vargas, Curva da Jurema e Ilha das Caieiras, além da praia de Camburi, Prainha de Santo Antônio e Ilha do Boi. “O turista terá a chance de se familiarizar com aquilo que de melhor é produzido na cena musical local”, enfatiza o secretário municipal de Cultura, Francisco Grijó.
Outra opção fora do roteiro praiano é aproveitar a geografia acidentada da cidade para conhecer monumentos naturais, como a Pedra da Cebola, e mirantes com vistas deslumbrantes, além de dezenas de parques com opções de lazer para crianças e adultos. O mais antigo deles é o centenário Parque Moscoso, no Centro, e o mais novo é a Chácara Paraíso, no Barro Vermelho. Já no Mirante da Cidade, que está situado a 310 metros acima do nível do mar, no Parque da Fonte Grande, é possível ver o nascer da lua nas noites de lua cheia.
Fora da região central, a panela de barro de Goiabeiras, usada para fazer a moqueca capixaba, é um ícone da identidade local. A fabricação artesanal das panelas é repassada por gerações há mais de 400 anos. A técnica utilizada é de origem indígena. O ofício das paneleiras foi reconhecido como Patrimônio Cultural Brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
Ciclo de produção de panelas de Goiabeiras e a moqueca capixaba pronta para servir. Fotos: Vitor Jubini e Marcelo Moryan/Banco de Imagens MTur Destinos
Pauta e edição: Vanessa Sampaio