JUBARTE


Um dos comportamentos mais curiosos é a exposição caudal parada: a baleia fica em posição vertical, com a cabeça voltada para o fundo e a nadadeira caudal exposta acima da superfície.
 
Todos os anos, entre julho e outubro, as baleias jubarte migram da Antártida para o Nordeste brasileiro em busca de águas mais quentes e seguras para a reprodução. Nesta época do ano, é comum as operadoras oferecerem o turismo de observação de baleias (“whale watching”), principalmente no litoral da Bahia e do Espírito Santo. 

No ano passado, por conta da pandemia de coronavírus, as embarcações não saíram com frequência, mas neste ano a temporada promete ser promissora. "A demanda está muito grande, são de 20 a 30 cotações diárias de passeios”, comenta Daniel Gonçalves dos Santos, da Catavento Tour, uma das agências de receptivo de Caravelas, no sul da Bahia. 


“Tivemos pelo menos aumento de 15% na procura”, confirma Jaqueline Souza, da operadora Horizonte Aberto. Segundo ela, o aumento do interesse de turistas pela observação de baleias está no crescimento do turismo interno e na migração das escolas de mergulho, que ministravam aulas no exterior, para Abrolhos e Fernando de Noronha, dois dos principais spots no país. 

Características

Comuns no Atlântico Sul, esses gigantes dos mares estavam ameaçados de extinção há 35 anos. De uma população de 2.000 mamíferos, hoje elas contabilizam cerca de 20 mil na costa brasileira. “O crescimento é de 10% ao ano”, afirma Enrico Marcovaldi, um dos fundadores do Projeto Baleia Jubarte, que monitora a espécie no litoral brasileiro desde 1988. 

As jubartes podem chegar a 16 m de cumprimento e pesar 35 toneladas. Seus filhotes pesam uma tonelada, mamam cem litros de leite e engordam 30 kg por dia. Também são exibidas e costumam dar saltos acrobáticos. Este é o ápice do espetáculo de observação. Em Abrolhos, as chances são muito maiores de avistá-las do que em outros pontos do litoral. 

Primeiras jubartes

No dia 27 de maio, a equipe de pesquisa do Jubarte.Lab, constatou em sua primeira expedição deste ano as primeiras jubartes no litoral capixaba. Foi feito o registro de um indivíduo adulto fazendo acrobacias. No Espírito Santo, conta Altier Moulin, do blog Pé na Estrada, no ano passado as baleias podiam ser avistadas próximo à capital Vitória. Mas isso não é comum, explica Marcovaldi. “Elas estão apenas reocupando espaço”.

Baleias também foram flagradas no dia 29 de maio em Santa Catarina: na ilha do Campeche, ao sul de Florianópolis, Balneário Camboriú, Imbituba, Itajaí e São Francisco do Sul No entanto, 70% das jubartes escolhem o Parque Nacional de Abrolhos, no Sul da Bahia, e o litoral do Espírito Santo para copular. Elas costumam estar em águas que variam de 20 m a 200 m de profundidade. 

Projeto Baleia Jubarte

Hoje, o Projeto Baleia Jubarte tem parceria com pelo menos 15 operadoras de passeios. Altier Moulin, que fez o passeio de bate-volta em 2017 com a operadora Horizonte Aberto, conta que viu mais de 20 baleias no trajeto, algumas exibindo as caudas, outras em saltos ornamentais ou em demonstração das nadadeiras peitorais. Uma hora depois de navegação, e elas já aparecem. Os meses de pico para se ver o mamífero são os meses de julho e agosto. 

As operadoras de Caravelas geralmente oferecem dois passeios de observação aos visitantes. O mais procurado é o bate-volta de catamarã que dura um dia inteiro, com parada para mergulho na ilha de Siriba, a única em que o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que administra o arquipélago baiano, permite descida.

Custo dos passeios 

A Catavento Tour oferece ainda a opção de passeios de escuna a partir de Prado e Cumuruxatiba para avistar os mamíferos. Já a Horizonte Aberto tem no portfólio tours de dois, três ou quatro dias para os interessados em mergulho. O pacote inclui cabine standard ou suíte com banheiro privativo e cama de casal, além dos equipamentos de mergulho e acompanhamento de um instrutor.  

Os preços variam de R$ 380 a R$ 850 por pessoa, dependendo do pacote escolhido, mais uma taxa ambiental de R$ 45 cobrada pelo ICMBio. A maioria dos pacotes inclui lanches e almoço com bebidas leves, como sucos e refrigerantes, máscara e snorkel para mergulho no arquipélago. Batismo de mergulho ou mergulho autônomo com o uso de cilindro é cobrado à parte. 

Protocolos

Desde o início da pandemia, o ICMBio tem sido rigoroso na fiscalização dos protocolos sanitários, que foram desenvolvidos em parceria com a Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (Abeta). O turismo de observação de baleias, se feito de maneira responsável, salienta Enrico Marcovaldi, é uma baita ferramenta de conservação. 

As embarcações só podem trabalhar com 50% de sua capacidade. O uso de máscara é obrigatório por parte de tripulação e passageiros durante todo o trajeto. É necessário que a tripulação realize teste para Covid-19 pelo menos uma vez ao mês. Dispensers de álcool em gel são disponibilizados nos ambientes, e as refeições são servidas pelo próprio passageiro.

O deslocamento de Caravelas a Abrolhos demora aproximadamente três horas. A lentidão da viagem de ida é proposital, para permitir às pessoas vislumbrarem as baleias no caminho. Se você vencer o enjoo e o balanço da embarcação durante o trajeto, o espetáculo valerá muito a pena. “Quem vê uma baleia nunca esquece, é emocionante”, afirma Marcovaldi.  

Na pandemia 

No ano passado, a pandemia reduziu significativamente o trabalho de campo do Projeto Baleia Jubarte. Em setembro, uma expedição realizada da praia do Forte (BA) a Vitória (ES) – 2.000 km de navegação em 45 dias – avistou 460 baleias, dos quais 97 filhotes, identificou 107 animais, coletou 27 amostras para análise genética e realizou 61 medições de tamanho. “No ano passado vimos um número muito grande de filhotes na costa”, conta Marcovaldi. 

O Projeto Baleia Jubarte também mantém centro de visitação da praia do Forte e Caravelas (BA) e Vitória (ES), onde se pode aprender mais sobre os mamíferos. Por sinal, a expedição em setembro resultou em um documentário de 30 minutos, que será lançado neste final de mês nos perfis do Projeto Baleia Jubarte no YouTube, e uma versão reduzida, de cinco minutos, no Instagram, mostrando o impacto da pandemia nas comunidades ao longo do percurso.

Curiosidades

• O nome científico da baleia jubarte é megaptera novaeangliae (megaptera é referência às suas enormes nadadeiras peitorais);

•  As baleias-jubarte podem ser encontrdas entre o litoral de São Paulo e Rio Grande do Norte;

•  No Brasil, é possível observar baleias em várias partes de nossa costa: baleias-francas (eubalaena australis) na costa centro-sul de Santa Catarina durante o inverno e primavera; baleias-de-Bryde (Balaenoptera edeni) ao longo da costa Sudeste no verão; e as baleias-jubarte no Sudeste e Nordeste;

• A gestação do filhote dura cerca de 11 meses; 

• A expectativa de vida da baleia é de 70 anos;

• Ela se alimenta-se de krill (camarão minúsculo), especialmente nas regiões polares;

• Suas nadadeiras peitorais podem atingir até 1/3 de seu comprimento total;

• Entre as possíveis funções dos saltos estariam a remoção de parasitas da pele ou então pode ser uma forma da baleia comunicar às outras sua presença na área;

• A jubarte pode manter a cauda fora da água e numa mesma posição desde alguns segundos até cerca de 12 minutos, quando ela então retorna à superfície para respirar.

Como avistar baleias

É vedado a embarcações que operem em águas jurisdicionais brasileiras:

• Aproximar-se de qualquer espécie de baleia com o motor engrenado a menos de 100m de distância do animal mais próximo, devendo o motor ser obrigatoriamente mantido desligado;

• Reengrenar o motor para afastar-se do grupo antes de avistar claramente a(s) baleia(s) na superfície a uma distância de, no mínimo, 50 m da embarcação;

• Perseguir, com motor ligado, qualquer baleia por mais de 30 minutos, ainda que respeitadas as distâncias estipuladas;

• Interromper o curso de deslocamento de cetáceo(s) de qualquer espécie, tentar ou alterar seu curso ou ainda dispersar o grupo;

• Aproximar-se de um indivíduo ou grupo de baleias que já esteja submetido, no mesmo momento, à aproximação de duas outras embarcações;

• É vedada a prática de mergulho ou natação com qualquer espécie de baleia;

• É proibida a aproximação de quaisquer aeronaves aos cetáceos em altitude inferior a 100 m sobre o nível do mar;

Como chegar

A Azul tem voos diários de BH para Teixeira de Freitas, que fica a 90 km de Caravelas. Bilhetes a partir de R$ 329,80. Acesse voeazul.

Quem leva

Catavento Tour

Pacote: Inclui café da manhã, almoço, lanches e frutas, máscara, snorkel e nadadeiras + taxa do ICMBio de R$ 45

Preço: R$ 380 por pessoa para adultos e R$ 190 para crianças até 10 anos

Mergulho com cilindro: R$ 180 por pessoa, com equipamentos e instrutor

Informações: Instagram.com/cataventotour ou (73) 99935-5331 e (73) 99941-5042

Horizonte Aberto

Pacote: Inclui almoço frio com saladas e sanduíches, biscoitos, bebidas leves e lanche quente, máscara, snorkel e nadadeiras, guia de bordo e seguro-viagem

Preço: R$ 404 (adulto), R$ 220 (menores de 6 anos) e R$ 250 (6 a 9 anos)

Taxas: R$ 46 (taxa ICMBio)

Mergulho autônomo: R$ 250 por pessoa, com equipamento e guia

Informações: Acesse o site da Horizonte Aberto ou (73) 98812-4678 (WhatsApp)

Parque Nacional de Abrolhos

Informações e ingressos. Acesse  o site do ICMBio

Projeto Baleia Jubarte

Saiba mais no site do Projeto Baleia Jubarte