Com 26 km de extensão, trilha do Circuito Turístico da Serra do Cipó tem paisagem preservada, com rios, cânions, mirantes e cachoeiras

Uma das mais antigas travessias de Minas Gerais, rota dos antigos tropeiros, corta a crista da serra do Espinhaço ao meio, entre os distritos de Lapinha da Serra – pertencente ao município de Santana do Riacho – e Tabuleiro, de Conceição do Mato Dentro. A trilha fica a 140 km de Belo Horizonte, no Circuito Turístico da Serra do Cipó.

Com 26 km de extensão, o caminho é bem preservado, e a travessia pode ser feita em dois ou três dias. Cachoeiras, rios, corredeiras, cânions, mirantes e picos são algumas das surpresas guardadas pela trilha, além da flora e da fauna riquíssimas e diversificadas em todo o trajeto.

Depois de ganhar destaque internacional durante a Copa do Mundo de 2014, o caminho atrai aventureiros de todo o planeta.

Preservação

Guias locais estão se engajando para preservar a área, que está abrigada em três unidades de conservação: Parque Estadual da Serra do Intendente, Parque Natural Municipal do Tabuleiro e Área de Preservação Morro da Pedreira.

Segundo Alexandre dos Santos, gerente do Parque Estadual da Serra do Intendente, algumas ações estão sendo realizadas na estruturação da travessia em parceria com a organização não governamental (ONG) Cáritas. A ONG implantou o sistema de tratamento de esgoto e construção de banheiros nos pontos de apoio oferecido pelos moradores aos “trilheiros”.

Um grupo de trabalho envolvendo a administração pública, associações e moradores vem discutindo a adoção de práticas que visam garantir a sustentabilidade do atrativo turístico, permitindo o desenvolvimento econômico sem perder o foco na preservação. “Estamos planejando a sinalização da travessia de acordo com o sistema brasileiro do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

O primeiro guia da Lapinha

Espantado com tanta beleza, resolvi me aventurar pelos primórdios da trilha. Fui ao encontro, então, de Reginaldo Domingos Ferreira, mais conhecido como Regi da Lapinha, antigo tropeiro e o primeiro guia da região.

Ele conta que o percurso de 26 km era o caminho por onde as tropas levavam, semanalmente, a produção agrícola da Lapinha para o distrito de Tabuleiro e o mercado municipal de Conceição do Mato Dentro. Transportava-se, principalmente, cebola roxa. Nesses pontos se fazia a troca por outros alimentos e mantimentos para abastecer o povoado de Lapinha.

Início

Regi, que foi tropeiro ainda menino – aos 9 anos de idade – lembra claramente do ano de 1992, quando Lapinha não passava de meia dúzia de casas de uma mesma família, rodeada por águas da represa da Usina Hidrelétrica Horizonte Téxtil.

Enquanto preparava a tropa de mulas em frente à igrejinha do pacato vilarejo para mais uma partida, apareceu um forasteiro, nas palavras dele “um hippie, cabeludo, vindo de São Paulo, com máquinas fotográficas no pescoço e uma mochila enorme nas costas”.

O forasteiro perguntou aonde Regi iria seguir com toda aquela tropa e resolveu segui-lo pelo caminho afora. No percurso, enquanto batiam papo, o “hippie” foi fotografando tudo.

A dupla fez a travessia em apenas um dia e, em Tabuleiro, o turista se despediu e seguiu viagem.

“Depois de algum tempo, ele voltou com um grupo de 20 pessoas à minha procura para fazer aquela caminhada. Foi uma surpresa. A partir daí a trilha se tornou realidade”. lembra Regi.

Na onda do ecoturismo

Os anos de 90 foram marcados pela onda do ecoturismo no Brasil. Um dos que se aventuravam nesse segmento era o fotógrafo e montanhista belo-horizontino Marcelo André. Em 1994, buscando um roteiro diferente, ele fez a travessia Lapinha x Tabuleiro. Depois da aventura, formatou um roteiro turístico com base nos pontos de apoio utilizados pelos tropeiros. O tour foi operado pela Brasil Aventuras de 1996 a 2006. Hoje, são muitas as agências que fazem a travessia. Pela complexidade do caminho e para descobrir as belezas no percurso, é fundamental ter um guia local.

Serviço

Onde ficar

- Lapinha

Pousada Lapinha Expedições. Diária casal com café da manhã a partir de R$ 160. (31) 98431-9136/ (31) 98431-9136 (WhatsApp).

- Tabuleiro

Pousada Gameleira. Diária casal com café da manhã a partir de R$ 170. (31) 99263-2968.

- Na trilha

Ana Benta. Pernoite a R$ 50 e acampamento a R$ 20 por pessoa. Prato individual sai a R$ 20. (31) 99129-0991.

Receptivo

Lapinha x Tabuleiro:Lapinha Expedições. (31) 98431-9136.
Tabuleiro x Lapinha: Guia Laura Oliveira. (31) 99793-2828.

Como chegar

De carro. Saindo de Belo Horizonte, a Lapinha está a 143 km de distância. Siga pela MG–424 até Lagoa Santa, onde você pegará a MG–010. Ao chegar na rotatória da Serra do Cipó, siga por 30 km até Santana do Riacho. Da praça central, são 11 km até Lapinha.

De ônibus. Belo Horizonte/Santana pela Saritur. Ida a partir de R$ 42. Partidas diárias às 7h30 e 15h15. De Santana do Riacho para BH, a passagem sai por R$ 38,30. Ônibus de segunda a sábado, às 6h e 14h30; domingo, às 8h e 17h.

Santana/Lapinha

A linha que fazia o trajeto foi desativada. A viagem de táxi sai por R$ 80 para quatro pessoas. O percurso de 12,4 km leva, em média, 30 minutos. Alguns moradores também fazem esse trajeto, vale tentar uma carona.

Onde comer

Lapinha da Serra

Restaurante Dona Lina: Rua do Batuque, 137. Refeição individual a R$ 17. Informações pelo whatsapp (31) 98725-6579.

Tabuleiro

Restaurante da Família: Rua Principal, 51. Refeição individual a R$ 18. Informações pelo telefone (31) 99580-6562.

Restaurante da Cici: Refeição feita sob encomenda a R$ 25 por pessoa. Rua Principal, 62. Informações: (31) 99286-7538

Na trilha

Chico Lage: Almoço a R$20 por pessoa. Pernoite a R$ 90 por pessoa. Área de camping a R$ 15 por pessoa. Informações: (31) 99652- 9156.

Maria e Zé da Olinta: Almoço a R$ 20 por pessoa. Pernoite a R$ 90 por pessoa. Área de camping a R$ 20 por pessoa.