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Turismo de aventura trilha rota de expansão
Entrecortada por cachoeiras de tirar o fôlego, a serra do Cipó é um símbolo de como regiões rodeadas por belezas naturais podem acabar se saindo melhor em momentos de retomada turística. Em Santana do Riacho, a pequena cidade de 5.000 habitantes cortada pela serra, cerca de 200 pousadas e dezenas de casas de temporada passaram à míngua durante a pandemia. Há algumas semanas, no entanto, as acomodações voltaram a ficar cheias, graças ao apelo de quedas d’água, trilhas e montanhas, além do Parque Nacional da Serra do Cipó. A região, que já foi chamada de “jardim do Brasil” pelo paisagista Burle Marx, é um dos “pedacinhos de Minas” com condições ideais para avançar no tipo de turismo que é uma das apostas do governo federal e do Estado nessa fase: o ecoturismo.
A pousada Capim do Mato foi uma dessas que foi obrigada a fechar. Com diárias que passam de R$ 1 mil, o requintado hotel ficou quatro meses sem receber hóspedes em 2020. “Foi uma tristeza. Se a pousada fecha, o turismo acaba e a gente fica sem emprego”, diz Camila Moreira, governanta executiva. Após um período sombrio, os ventos positivos voltam a soprar pelas bandas de lá. “Muitos hóspedes optaram por remarcação. A retomada está sendo muito grande, está tendo muita demanda”, celebra. Em julho, a pousada apresentava ocupação total.
“Isso (o aumento dos visitantes) deu certa esperança, mas temos cautela, porque a gente não sabe o que vai acontecer”, conta André Jack Belisário, presidente da Associação Comercial da Serra do Cipó. A desconfiança é fruto do abre e fecha do passado. Enquanto isso, os profissionais do turismo estão atentos às preferências atuais de boa parte dos viajantes: na corrida dos destinos turísticos, lugares com áreas abertas e atrativos do turismo de aventura estão largando na frente. “As pessoas estão cansadas de ficar trancadas em casa, e temos áreas verdes”, diz.
Os empresários do turismo calculam que cerca de 500 posições de trabalho foram perdidas na serra do Cipó ao longo da pandemia, o equivalente a 10% da população local. “Ano passado foi um colapso”, diz Belisário. Distante da capital mineira cerca de 100 km, o local só não teve um baque maior porque acabou atraindo belo-horizontinos que aproveitaram essa época de trabalho remoto e optaram pela vista para as montanhas. O reflexo disso movimentou os depósitos de materiais de construção, que funcionaram a pleno vapor.
Diante do manancial de atrativos ainda pouco explorados em Minas Gerais, o governo estadual aposta na divulgação de roteiros com trilhas e cachoeiras. O secretário de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira, acredita que o turismo de bicicleta seja uma boa opção. “O entorno de Belo Horizonte tem trilhas maravilhosas integradas à serra do Curral, à serra da Gandarela e ao Parque do Rola-Moça. Também em Lagoa Santa, na serra do Cipó. Essa é uma tendência, pois as pessoas podem dormir em Belo Horizonte e ir para essas cidades”, destaca.
Integrante dos circuitos Estrada Real e Serra do Cipó, Conceição do Mato Dentro, na região Central de Minas, também tem se beneficiado com essa nova procura dos turistas. “A cidade é considerada a capital mineira do ecoturismo. Nosso turismo tem três vertentes. Conceição é uma cidade histórica, tem um ecoturismo muito forte com a cachoeira do Tabuleiro – a maior de Minas Gerais – e os parques naturais, e temos um turismo religioso com o jubileu de Bom Jesus de Matosinhos”, conta o prefeito da cidade, José Fernando Aparecido de Oliveira. A cachoeira é a mais alta de Minas e a terceira do Brasil, com 273 m de queda livre.
Os atrativos naturais já existem e estão lá. O que a prefeitura quer fazer agora é criar as condições para receber mais visitantes nessa retomada. “Fizemos o primeiro ‘bikestation’ do Brasil, que é uma estação com estrutura para ciclistas, com lugar para deixar a bicicleta. E estamos investindo em melhoria das trilhas agora”, conta José Fernando. Para ele, esse é o momento de divulgar as belezas naturais da cidade. “O que vai acontecer no pós-pandemia é um fortalecimento da economia verde, do contato com o meio ambiente.
A pandemia trouxe essa oportunidade e curiosidade de se olhar por trás das montanhas. O que traz oportunidades de negócios. “Estamos tentando fomentar o empreendedorismo turístico porque tem muita vocação não explorada no Estado. Queremos, através dos circuitos, mostrar à iniciativa privada esses nichos”, conta o presidente da Associação Mineira de Municípios (AMM), Julvan Lacerda. A entidade tem se reunido com representantes do poder público e do empresariado para montar estratégias para o setor.
Existe essa necessidade de união entre poder público e empresariado para se criar as condições adequadas para o turismo. “Uma das fortes tendências para a retomada da atividade turística é por viagens regionais, de curta duração, atividades de lazer e ao ar livre. Nesse sentido, é fundamental que o mercado se reinvente para criação e aprimoramento de produtos que atendam ao perfil do turista doméstico e a comercialização de destinos regionais. O desafio agora é montar estrutura para atender essa demanda”, comenta o ministro do Turismo, Gilson Machado.
As necessidades vão além de trilhas: “Como as pessoas estão mais conectadas com a internet, os destinos e as empresas também precisarão oferecer seus serviços pela rede mundial de computadores, e adotar ferramentas tecnológicas para que permitam interação prévia com os turistas, caso desejem se conectar com seus potenciais visitantes”, explica Machado. Uma pesquisa do Ministério do Turismo apontou que 74% das rotas turísticas estratégicas do país não possuem internet pública gratuita.
CIRCUITOS MINEIROS SE REINVENTAM À ESPERA DE RECURSOS
Enquanto mais dinheiro não chega para o setor, os 44 circuitos turísticos em Minas Gerais se organizam neste momento de reinvenção. Vários estão criando novas rotas, como o Caminho da Boiada – trilha de 300 km feita pelo escritor Guimarães Rosa – e a Travessia da Fé, que vai de Curvelo a Felixlândia. Com a pandemia, os gestores perceberam que o visitante está optando por passeios com grupos menores de pessoas, especialmente em atividades de contemplação da natureza, conforme Marcus Januário, presidente da Federação dos Circuitos Turísticos de Minas Gerais (Fecitur).
O roteiro Caminhos de São Tiago, que o Circuito Trilha dos Inconfidentes, gerido por Januário, acaba de inaugurar, tem esse perfil. “A gente passou a conhecer melhor as cidades vizinhas e nossa potencialidade rural. Estamos nos redescobrindo como cidades mineiras”, destaca.
Diretora da Associação Circuito do Ouro, Márcia Martins vê no ecoturismo e nos roteiros de aventura uma tendência. “Em Minas, há a vantagem das hospedagens em paisagens belíssimas, próximas dos grandes alvos turísticos e muito seguras quanto à Covid-19”, pontua.
Entre as novidades, no Roteiro da Piedade ao Caraça, Márcia ressalta o reconhecimento do queijo da região de Entre Serras como Patrimônio Cultural. “Estamos avançando no processo, na mesma linha do queijo canastra”, adianta.
Fonte:otempo.com.br
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A pousada Capim do Mato foi uma dessas que foi obrigada a fechar. Com diárias que passam de R$ 1 mil, o requintado hotel ficou quatro meses sem receber hóspedes em 2020. “Foi uma tristeza. Se a pousada fecha, o turismo acaba e a gente fica sem emprego”, diz Camila Moreira, governanta executiva. Após um período sombrio, os ventos positivos voltam a soprar pelas bandas de lá. “Muitos hóspedes optaram por remarcação. A retomada está sendo muito grande, está tendo muita demanda”, celebra. Em julho, a pousada apresentava ocupação total.
“Isso (o aumento dos visitantes) deu certa esperança, mas temos cautela, porque a gente não sabe o que vai acontecer”, conta André Jack Belisário, presidente da Associação Comercial da Serra do Cipó. A desconfiança é fruto do abre e fecha do passado. Enquanto isso, os profissionais do turismo estão atentos às preferências atuais de boa parte dos viajantes: na corrida dos destinos turísticos, lugares com áreas abertas e atrativos do turismo de aventura estão largando na frente. “As pessoas estão cansadas de ficar trancadas em casa, e temos áreas verdes”, diz.
Os empresários do turismo calculam que cerca de 500 posições de trabalho foram perdidas na serra do Cipó ao longo da pandemia, o equivalente a 10% da população local. “Ano passado foi um colapso”, diz Belisário. Distante da capital mineira cerca de 100 km, o local só não teve um baque maior porque acabou atraindo belo-horizontinos que aproveitaram essa época de trabalho remoto e optaram pela vista para as montanhas. O reflexo disso movimentou os depósitos de materiais de construção, que funcionaram a pleno vapor.
Diante do manancial de atrativos ainda pouco explorados em Minas Gerais, o governo estadual aposta na divulgação de roteiros com trilhas e cachoeiras. O secretário de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira, acredita que o turismo de bicicleta seja uma boa opção. “O entorno de Belo Horizonte tem trilhas maravilhosas integradas à serra do Curral, à serra da Gandarela e ao Parque do Rola-Moça. Também em Lagoa Santa, na serra do Cipó. Essa é uma tendência, pois as pessoas podem dormir em Belo Horizonte e ir para essas cidades”, destaca.
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Os atrativos naturais já existem e estão lá. O que a prefeitura quer fazer agora é criar as condições para receber mais visitantes nessa retomada. “Fizemos o primeiro ‘bikestation’ do Brasil, que é uma estação com estrutura para ciclistas, com lugar para deixar a bicicleta. E estamos investindo em melhoria das trilhas agora”, conta José Fernando. Para ele, esse é o momento de divulgar as belezas naturais da cidade. “O que vai acontecer no pós-pandemia é um fortalecimento da economia verde, do contato com o meio ambiente.
A pandemia trouxe essa oportunidade e curiosidade de se olhar por trás das montanhas. O que traz oportunidades de negócios. “Estamos tentando fomentar o empreendedorismo turístico porque tem muita vocação não explorada no Estado. Queremos, através dos circuitos, mostrar à iniciativa privada esses nichos”, conta o presidente da Associação Mineira de Municípios (AMM), Julvan Lacerda. A entidade tem se reunido com representantes do poder público e do empresariado para montar estratégias para o setor.
Existe essa necessidade de união entre poder público e empresariado para se criar as condições adequadas para o turismo. “Uma das fortes tendências para a retomada da atividade turística é por viagens regionais, de curta duração, atividades de lazer e ao ar livre. Nesse sentido, é fundamental que o mercado se reinvente para criação e aprimoramento de produtos que atendam ao perfil do turista doméstico e a comercialização de destinos regionais. O desafio agora é montar estrutura para atender essa demanda”, comenta o ministro do Turismo, Gilson Machado.
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CIRCUITOS MINEIROS SE REINVENTAM À ESPERA DE RECURSOS
Enquanto mais dinheiro não chega para o setor, os 44 circuitos turísticos em Minas Gerais se organizam neste momento de reinvenção. Vários estão criando novas rotas, como o Caminho da Boiada – trilha de 300 km feita pelo escritor Guimarães Rosa – e a Travessia da Fé, que vai de Curvelo a Felixlândia. Com a pandemia, os gestores perceberam que o visitante está optando por passeios com grupos menores de pessoas, especialmente em atividades de contemplação da natureza, conforme Marcus Januário, presidente da Federação dos Circuitos Turísticos de Minas Gerais (Fecitur).
O roteiro Caminhos de São Tiago, que o Circuito Trilha dos Inconfidentes, gerido por Januário, acaba de inaugurar, tem esse perfil. “A gente passou a conhecer melhor as cidades vizinhas e nossa potencialidade rural. Estamos nos redescobrindo como cidades mineiras”, destaca.
Diretora da Associação Circuito do Ouro, Márcia Martins vê no ecoturismo e nos roteiros de aventura uma tendência. “Em Minas, há a vantagem das hospedagens em paisagens belíssimas, próximas dos grandes alvos turísticos e muito seguras quanto à Covid-19”, pontua.
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Fonte:otempo.com.br