Os números impressionam: em cartaz há 30 anos ininterruptos na Broadway, o musical O Fantasma da Ópera já foi visto por mais de 140 milhões de pessoas em 35 países, 160 cidades e traduzido para 15 idiomas ao redor do mundo. No Brasil, onde foi montado em 2005, atraiu a atenção de 880 mil pessoas durante dois anos. E o sucesso deve se repetir a partir de 1º/8, quando estreia a nova versão do espetáculo criado por Andrew Lloyd Webber, no Teatro Renault. A previsão é de ficar em cartaz ao menos duas temporadas.
Mas como justificar tamanho êxito, uma vez que outros musicais, criados em moldes semelhantes, não alcançaram tamanho apogeu? A reportagem consultou especialistas em busca de explicações. Inspirado no romance homônimo de Gaston Leroux, o enredo conta a história de um desfigurado e atormentado gênio da música (agora interpretado por Thiago Arancam) que assombra as dependências da Ópera de Paris, no final do século 19, até se apaixonar pela corista Christine (Lina Mendes) e decidir transformá-la em uma das maiores estrelas da ópera. Os problemas surgem quando ele encontra o namorado de infância de Christine, Raoul (Fred Silveira), por quem ela está apaixonada.Com canções de Lloyd Webber e direção de Harold Prince, dois consagrados artistas do musical, O Fantasma da Ópera estreou em Londres em 1986 e, dois anos depois, na Broadway, onde ainda continua em cartaz: "Ao contrário de Cats, cujas primeiras pré-estreias foram emocionantes, mas acidentadas, a reação do público às sessões prévias do Fantasma sugeriu que um hit incontrolável estava em nossas mãos. Prince estava tão certo disso que, brincando, sugeriu que todos tirássemos férias e voltássemos para a noite de abertura. Amor, paixão e teatro ao vivo: isso é o que define o Fantasma", comentou Webber, em texto publicado no programa comemorativo dos 30 anos do musical, festejados em janeiro.
Para Jamil Dias, professor de História do Teatro Musical, Fantasma se enquadra no seleto grupo de megamusicais ingleses (junto com Cats, Les Misérables e Miss Saigon) que, nas décadas de 1980 e 1990, tomou a Broadway de assalto e impôs uma nova definição do que seria, a partir daí, um musical no imaginário popular - espetáculos com um grandioso aparato técnico, cuidadosamente planejados, executados com competência impecável e divulgados maciçamente para se tornarem produtos globais (e, portanto, exportáveis). "Dessa forma, surgem como a salvação do musical moderno, depois de um período (nas décadas de 1960 e 1970) de crise da Broadway."
Fantasma, porém, tinha alguns ingredientes a mais. "Há uma mistura de perversidade e luxo que atrai muito as pessoas", identifica ainda o diretor Jorge Takla.