'Vamp', novela de grande sucesso no início dos anos 90, chega a BH este fim de semana em formato de musical

Exibida entre julho de 1991 e fevereiro de 1992 pela Rede Globo, “Vamp” fez história na TV brasileira: bateu recordes de audiência – superou o “Jornal Nacional” e a novela das oito exibida à época (“O Dono do Mundo”), com média geral de 50 pontos na faixa das 19h, e foi eleita pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) como a melhor novela de 1991.

A saga da cantora de rock Natasha (Cláudia Ohana) e do Conde Vlad (Ney Latorraca) virou febre nacional. Após ser reprisada na TV Globo e no canal Viva, a trama de Antonio Calmon ganha nova roupagem e formato. “Vamp, o Musical”, novamente com Cláudia e Latorraca como protagonistas, tem apresentações sexta (10) e sábado (11) no Sesc Palladium.

A trama conta a história de Natasha, uma cantora que vende sua alma ao Conde Vlad em troca do sucesso. Ele, apaixonado, faz de tudo para conquistá-la, enquanto a cantora tenta fugir dele e da maldição de ser vampira para sempre. A única chance que ela tem de se livrar do “feitiço” e de Vlad é buscar a cruz de São Sebastião, que está perdida no mar na pacata Baía dos Anjos.

Novamente no papel de Natasha, Cláudia tem a oportunidade incomum de reviver uma personagem de sucesso 27 anos depois da primeira experiência. E, dessa vez, no palco. Já Latorraca, que também volta a interpretar Conde Vlad, comemora o reencontro com o personagem e adianta que interage – e muito – com a plateia. “Desço (do palco), mordo as pessoas, distribuo dentinhos, tiro fotos, selfies... As pessoas adoram. Não tem nada de sair (do teatro) triste, amargurado. Trata-se de um musical no gênero comédia”, revela.

No que tange ao fato de o musical condensar 200 capítulos em duas horas, Latorraca situa: “Mas o teatro tem essa capacidade, o poder da síntese, de enxugar. Claro, tem personagens que vão embora”. Claudia entrega que a “cereja do bolo” está no final. “Não é o mesmo da novela”, deixando o suspense no ar.

Filão. “Vamp, o Musical” faz parte de um novo filão no teatro brasileiro – folhetins de sucesso, como “Estúpido Cupido” (1976) e “Roque Santeiro” (1985) viraram musicais.

Diego Morais, que divide a direção de “Vamp, o Musical” com Jorge Fernando, afirma que as novelas têm muita força no Brasil, o que contribui para que essas histórias contadas em um novo formato atraiam um bom público. “O teatro musical (no Brasil) veio com tudo, tomando conta do mercado, e acho que a novela não poderia ficar de fora desse movimento”, afirma.

Para o dramaturgo e produtor Eduardo Zayit, conselheiro da Associação Brasileira de Teatro Musical (Abratem), a ascensão dessas adaptações está relacionada ao fato de muitas franquias internacionais não serem mais atrativas para o público brasileiro. “Daí vem a ideia de se trabalhar uma história nacional. É bom ver isso acontecer. Tem muito da história do nosso país nas novelas”, pontua Zayit.

Memória afetiva atrai público

A adaptação de novelas em formato de musical para os palcos tem se consolidado como boa estratégia. “’Vamp’ é um sucesso de crítica e de público”, garante Ney Latorraca, citando que o espetáculo fez temporadas bem-sucedidas em São Paulo e no Rio de Janeiro antes de iniciar turnê.

O diretor Diego Morais credita esse sucesso ao fato de essas histórias mexerem como a memória afetiva do público. “O caminho que a gente fez com ‘Vamp’ foi de resgatar essa memória afetiva do público sobre a novela. Esses musicais mexem com pessoas que acompanharam essas novelas por centenas de dias e que vão ao teatro recordar ou saber um pouco mais sobre essas histórias”, afirma Eduardo Zayit.

Segundo Cláudia Ohana, a novela exibida na Globo nos anos 90 tem uma legião de fãs que tem comparecido às apresentações do espetáculo para relembrar a história de Natasha e Conde Vlad. “Eles vão à loucura quando canto ‘Simpathy for the Devil’ (Rolling Stones)”, comenta a atriz. (Renato Lombardi, com Patricia Cassese)

Agenda

O quê. “Vamp, o Musical”

Quando. Sexta (10), às 21h, e sábado (11), às 17h e às 21h

Onde. Sesc Palladium (r. Rio de Janeiro, 1.046, centro)

Quanto. A partir de R$ 50