“Alô, é Paulo Henrique? Aqui é Antonio Fagundes”. O ator já foi Deus (no filme “Deus é Brasileiro”), deputado (em “Doces Poderes”) e ministro (na minissérie “Mad Maria”), mas é na condição de outra autoridade– ele mesmo, um dos grandes atores da teledramaturgia e do cinema brasileiros– que pega o telefone e liga para o repórter.
No caso da peça “Baixa Terapia”, em cartaz sábado e domingo no Sesc Palladium, há uma razão especial para este tête-à-tête: é o artista de 69 anos, completados em abril, quem produz, atua e é responsável por trazer o texto homônimo argentino (de Matias Del Federico) para o Brasil, após viajar ao país dos hermanos de férias.
“A gente não pára de trabalhar. Estamos sempre prestando atenção às coisas boas. Vimos o espetáculo, demos muitas risadas, devido à qualidade do texto, e, no dia seguinte, compramos (os direitos)”, registra Fagundes sobre o que define como um grande acerto, medido pelos mais de 100 mil espectadores que viram a versão brasileira desde a estreia, em abril do ano passado.
A Argentina virou sinônimo de irreparáveis textos em que o cômico e o familiar são a tônica, um estágio que tem a ver com a prática, segundo o ator. “Se você pratica, a tendência é dar certo. Veja o caso das novelas brasileiras. Elas são avançadas em relação ao resto do mundo porque os autores passaram décadas estudando, tentando se comunicar. O teatro não tem essa prática, já que poucos textos são montados”, lamenta.
Dinâmica de grupo
Fagundes não gosta de falar muito da história, além do que a sinopse já conta. São três casais de diferentes faixas etárias que se encontram no consultório da terapeuta. Ela não está, mas deixa regras para eles construírem uma espécie de dinâmica em grupo. “É uma peça atualíssima, com vários temas levantados. No camarim, outro dia, contamos pelo menos 25 desses assuntos”.
O ator não fazia uma comédia no teatro há cerca de dez anos (“Estava à procura de um bom texto e tive a sorte de encontrar ‘Baixa Terapia’”, sublinha). O retorno às risadas é acompanhado de um elenco especial, formado por familiares e ex-familiares. Nele estão o filho Bruno, a esposa Alexandra Martins e a ex-esposa Mara Carvalho. Completam o sexteto Ilana Kaplan e Fábio Espósito.
Embora não tenha alterado mais do que duas palavras (os nomes de dois times de futebol) em relação ao texto original, Fagundes observa que as versões argentina e brasileira são bem diversas. “A forma de comunicação é outra. É natural que seja assim, devido às diferenças culturais”, afirma.
Serviço: “Baixa Terapia” – Sábado, às 21h, e domingo, às 19h. No Grande Teatro do Sesc Palladium (Avenida Augusto de Lima, 420 – Centro). Ingressos: R$ 90 e R$ 45 (meia), na plateia I; R$ 80 e R$ 40 (meia), na plateia II; R$ 70 e R$ 35 (meia), na plateia III.