Principal causa do câncer de colo de útero, o HPV muda o perfil das pessoas que desenvolvem tumor na região da cabeça e do pescoço, fazendo aumentar a incidência da doença entre mulheres e jovens. O vírus é transmitido especialmente durante o sexo – oral, vaginal ou anal – desprotegido.
Todos os anos, cerca de 40 mil novos casos de câncer na região da cabeça e do pescoço são registrados no país. Apesar de representar 3% dos tipos de tumores que acometem os brasileiros, o número merece atenção. De acordo com especialistas, a doença é silenciosa e a demora no diagnóstico prejudica o tratamento.
A incidência é maior entre homens acima dos 50 anos com hábitos nada saudáveis, como fumo e ingestão de bebidas alcoólicas, informou o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Porém, casos envolvendo mulheres e jovens têm crescido. Alertar a população sobre a importância da descoberta precoce é a proposta do Julho Verde, campanha de conscientização que acontece até o fim do mês.
“O HPV é fator do câncer na faringe, um dos mais comuns na região da cabeça e do pescoço”, diz o médico Fernando Walder, presidente da Sociedade Brasileira do Câncer nessa parte do corpo.
Ele destaca a necessidade do uso do preservativo e recomenda não fumar e evitar o álcool como medidas de prevenção.
Sinais
A maioria dos tumores na parte superior do corpo atinge boca e faringe, deixando sequelas. “À medida em que se desenvolvem, causam manchas brancas na boca, dor, lesão ulcerada ou com sangramento e de cicatrização demorada, nódulos no pescoço, mudanças na voz e rouquidão persistente, dificuldade para engolir, diminuição do apetite, cansaço, palidez e febre”, diz o oncologista Ricardo Cembranelli, do Hospital Felício Rocho.
O diagnóstico precoce aumenta a chance de cura, mas o tratamento pode exigir quimioterapia, radioterapia e cirurgia. “A atenção deve ser redobrada”, afirma o oncologista Luiz Paulo Kowalski, Associação Brasileira de Câncer de Boca e Garganta (ACBG).
Além disso
Apesar de serem essenciais para a cura do câncer, os procedimentos de quimioterapia e radioterápicos provocam consequências aos pacientes, dependendo da intensidade. A mucosite, inflamação da parte interna da boca e da garganta e causa úlceras e feridas, ocorre em até 40% de quem se submete às intervenções.
Geralmente, são usados analgésicos e anti-inflamatórios para combater a infecção. Mas um gel desenvolvido por dois pesquisadores da UFMG pode ser uma solução mais eficaz. O produto é feito à base de própolis e já foi usado para tratar doentes com mucosite.
“Mais do que tratar essa inflamação, esse produto pode ser usado durante o tratamento do câncer, para prevenir a infecção. Fizemos pesquisas com pessoas que passaram por todo o processo sem desenvolver nenhuma afta”, comentou o odontologista Vladimir Noronha, um dos pesquisadores.
O estudioso acredita ser questão de tempo para os médicos adotarem o gel, que é de baixo custo.
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