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Vírus agressivo deixa febre amarela mais mortal

23/01/2018 00h00 - Atualizado em 21/03/2019 12h31 por Admin


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Raul Mariano
fonte:hojeemdia.com.br
Pacientes com febre amarela têm quase mil vezes mais chances de morrer do que as pessoas que contraem dengue, chikungunya ou zika. A taxa de letalidade da doença, desde julho do ano passado, gira em torno de 68%, aponta o último boletim da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG). Para efeito de comparação, os óbitos referentes às outras três enfermidades – também transmitidas por mosquitos – não chegam a 1% no mesmo período.

O motivo é a rapidez e a agressividade com que o vírus da febre amarela age no organismo, afirmam especialistas. Em muitos casos, quatro dias podem ser suficientes para que o paciente chegue a um quadro de inflamação aguda no fígado e se torne vítima de uma hepatite fulminante.

O virologista Pedro Vasconcelos, diretor do Instituto Evandro Chagas, órgão referência em pesquisas sobre o tema no país e vinculado ao Ministério da Saúde, explica que o agente infeccioso pode desestabilizar totalmente o funcionamento do organismo, levando o paciente à morte em pouco tempo.

“A destruição do tecido hepático (fígado), que é o alvo principal, se dá de forma muito profunda. Esse é um órgão essencial para a metabolização do que é ingerido e mexe com toda dinâmica do organismo”, destaca o especialista.

Para que o tratamento do paciente tenha sucesso, a agilidade da intervenção médica faz toda a diferença. “É agindo rápido que se protege a mucosa do estômago, que também começa a sangrar. Se o atendimento demora, a pessoa acaba chegando à falência renal”, acrescenta Vasconcelos.

O último boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde indicava 16 mortes por febre amarela em Minas. No entanto, outras cidades como Brumadinho, na Grande BH, e Juiz de Fora, na Zona da Mata, confirmaram novos óbitos. Um balanço oficial do Estado deve ser divulgado hoje

Gravidade

Pesquisadores de arboviroses – patologias transmitidas por insetos – desconfiam que o vírus da febre amarela possa estar mais forte em relação aos primeiros registros da doença no Brasil, em 1932.

O professor do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, Flávio Guimarães da Fonseca, explica que alguns institutos nacionais já sequenciaram o genoma do agente infeccioso e suspeitam de mutações que podem ser responsáveis pelo aumento das taxas de letalidade. “Mas isso ainda está em fase de pesquisa”, pondera Flávio da Fonseca.

Os estragos, no entanto, assustam. O vírus é tão violento que uma pessoa infectada pode ter falência renal até três anos após se tratar contra a doença. “Geralmente, é necessário um acompanhamento do paciente mesmo depois da alta médica”, afirma o pesquisador.

Diferenças

A principal diferença da febre amarela em relação a dengue, zika e chikungunya são os órgãos mais afetados pelos vírus após a infecção. Quem afirma é o professor de medicina da Universidade de Franca (Unifran), no interior de São Paulo, Homero Antonio Rosa Junior.

Ele esclarece que a febre amarela ataca diretamente o fígado e os rins, enquanto a dengue atinge o sistema circulatório, em que o tratamento mais precoce pode diminuir as incidências de mortes. “Já a chikungunya mira as articulações e, por fim, a zika tem um acometimento quase que exclusivo no sistema nervoso central e periférico”.

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