O Brasil e os países do Mercosul vão adotar o rótulo frontal para tornar a leitura mais simples e alertar o consumidor dos componentes nutricionais dos alimentos. A medida foi proposta pelo governo brasileiro e virou uma declaração assinada na sexta-feira (15) durante reunião de MInistros de Saúde do Mercosul no Paraguai.
A proposta é que o rótulo localizado na frente dos alimentos facilite o entendimento mais claro da quantidade contida nos alimentos de nutrientes considerados críticos, como o açúcar, sódio e as gorduras totais, trans e saturadas, que estão associadas a doenças crônicas, como a hipertensão e o diabetes.
Além disso, o novo rótulo terá um alerta para conteúdo excessivo destes nutrientes. A proposta faz parte da estratégia de combate ao crescimento do número de pessoas com sobrepeso e obesidade em vários países do bloco.
No Brasil, dados da Vigitel 2017, apontam que 54% da população está com excesso de peso e 18,9% está obesa.
O primeiro passo para essa nova política foi dado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que aprovou versão inicial do documento na segunda-feira (21). Essa versão ficará disponível para contribuição da comunidade científica por 45 dias. Depois, a agência vai fazer a redação da norma, que ficará à disposição por 60 dias para novas contribuições. A expectativa é que até o final do ano a regulamentação seja publicada.
"Mudanças serão necessárias porque o modelo atual dificulta o uso da rotulagem nutricional pelos consumidores por problemas de identificação visual, pelo baixo nível de educação e conhecimento nutricional", disse nota da agência.
O ministro da Saúde, Gilberto Occhi, anunciou parte da medida em Genebra, durante plenária da 71ª Assembleia Mundial da Saúde (AMS) em maio. Ele citou que o Brasil vai adotar o alerta para altos teores de açúcar -- numa tentativa de diminuir o crescimento de altos índices de obesidade.
Segundo o ministro, a meta é concluir até julho tanto os novos rótulos quanto a questão da redução de açúcar nos produtos. O ministro diz que busca diálogo e resolver "sem imposição" as mudanças, e que associações de empresários do setor não estão recebendo bem essas iniciativas para reduzir a obesidade no Brasil.