PREVENÇÃO

Especialista garante que exame pode revelar tumor com até quatro anos de antecedência

Uma das doenças mais frequentes entre as mulheres em todo o mundo é o câncer de mama. De acordo com a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc, na sigla em inglês), entidade ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS), essa patologia é a segunda mais comum entre os tipos de tumores, ficando atrás apenas do de pele não melanoma. Para se ter ideia, no ano passado mais de 18 milhões de novos casos eram esperados, com um total de 9,6 milhões de mortes.

Só no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), 59,7 mil novos registros seriam feitos – quase 30% de todos os tipos de tumores confirmados para o ano no país. Para conseguir combater a enfermidade, uma das formas mais eficazes é o da detecção precoce. E a melhor maneira de descobrir o câncer de mama nesse estágio é por meio da mamografia.

“Com esse exame conseguimos encontrar o tumor ainda em sua fase inicial, permitindo, assim, um tratamento menos agressivo, com taxas de sucesso satisfatórias. Para se ter uma ideia da eficácia desse procedimento, é possível detectar o tumor entre um ano e meio e quatro anos antes de um câncer se tornar clinicamente evidente”, garante o oncologista e diretor da Oncomed-BH, Amândio Fernandes.

Conforme recomendação do Ministério da Saúde (MS), a mamografia de rastreamento (análise realizada quando não há sinais nem sintomas suspeitos) deve ser ofertada para mulheres entre 50 e 69 anos, a cada dois anos. No entanto, segundo sociedades médicas, esse procedimento deve ser realizado a partir dos 40 anos, com controle anual a partir de então.

Restrições

De acordo com Fernandes, o exame não deve ser realizado durante a gravidez, uma vez que a radiação do equipamento que incide no feto pode trazer riscos nas primeiras semanas de gestação. Ele ainda destaca que, sempre que ocorrer alguma lesão suspeita na mama de uma mulher grávida, é recomendado iniciar a propedêutica (conjunto de técnicas para levantar dados e diagnósticos iniciais) com outro método de imagem, como o ultrassom, por exemplo.

Fernandes aponta, ainda, que o procedimento só deve ser feito em gestantes caso haja suspeita concreta da doença. “Nesse caso, o abdômen dela deverá ser coberto por uma manta de chumbo, visando à proteção do bebê da radiação”, frisa.

Outra recomendação para as pacientes que forem realizar a mamografia é a que elas não utilizem creme, talco ou desodorante na região das mamas e axilas no dia do procedimento. “O uso desses produtos pode dificultar a captação de imagens por possuírem partículas metálicas capazes de causar alterações no raio-X”, diz o oncologista.

Ele frisa que esse tipo de exame também só deve ser agendado para depois do período menstrual, “que é quando as mamas encontram-se menos sensíveis”.

Autoexame

Para o diretor da Oncomed-BH, todas as mulheres, independentemente da idade, devem ser estimuladas a conhecer a própria mama para notar se há ou não alguma alteração visível ou palpável. “A maior parte dos cânceres de mama é descoberta por elas próprias, por meio dessa técnica”, garante. Entretanto, segundo ele, o procedimento não substitui a mamografia. “Somente com o auxílio desse equipamento específico conseguimos detectar tumores tão pequenos, que nem seriam percebidos à palpação”, completa.