Seis em cada dez pacientes se ausentam uma semana por mês, diz estudo
Seis em cada dez pessoas que sofrem com enxaqueca faltam ao trabalho, em média, uma semana por mês. É o que revelou um levantamento realizado em parceria entre a Novartis e a Aliança Europeia para Enxaqueca e Cefaleia (European Migraine and Headache Alliance, EMHA) feita com mais de 11 mil pacientes com enxaqueca de 31 países, incluindo o Brasil. O estudo ainda mostrou que quem tem enxaquecas apresenta uma redução de 53% na produtividade. Dentre os recrutados, 90% tinham experiência de pelo menos um tratamento preventivo e, desses, 80% mudaram o tratamento uma ou mais vezes.
A enxaqueca é uma doença neurológica. Sua principal característica é uma dor latejante em um ou nos dois lados da cabeça. Hoje, sabe-se que a doença é genética e crônica e que existem gatilhos no ambiente que desencadeiam as crises.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a enxaqueca atinge 15 a cada cem brasileiros, o que equivale a 30 milhões de pessoas no país. Para as mulheres a doença é ainda mais comum, uma proporção de duas para cada homem. A doença, relata a OMS, é a sexta mais incapacitante. A enxaqueca ocorre, na maioria das vezes, entre 35 e 45 anos, e resulta em incapacidade temporária durante as crises.
A engenheira de produção Anaísa Ávila, 27, diagnosticada com enxaqueca em 2010 conta que sofria em média três crises por mês e que, só agora que mudou o medicamento, conseguiu algum alívio. “Atualmente estou usando o Amitriptilina, um antidepressivo. Nas crises, uso Cefalium”, diz.
“Sabe-se que existem componentes hereditários e fatores que podem desencadear a crise. Entre eles estão a privação de sono, o consumo de bebidas alcoólicas e até mesmo de alimentos como o queijo curado e o chocolate”, explica o neurologista Paulo Christo.
Além da dor, quem sofre de enxaqueca apresenta sensibilidade a luz, cheiros e barulhos, náuseas, vômitos, formigamento e dormências no corpo, tontura e sintomas visuais como pontos luminosos, escuros e linhas em zigue-zague.
O estudo My Migraine Voice aponta que o peptídeo relacionado com os genes de calcitonina (CGRP) tem sido colocado em um papel importante no processo que desencadeia as crises de enxaqueca. Os níveis de CGRP sobem durante as crises e se normalizam quando acabam.
Qualidade de vida. “Além dos tratamentos da dor, com analgésicos, e profilático, pacientes podem melhorar a frequência e a intensidade das crises com medidas não farmacológicas, como a prática de atividade física”, diz o neurologista Paulo Christo.
Medicamento inovador chega ao país no 1º semestre de 2019
Recentemente, nos EUA, foi aprovado pelo órgão sanitário, o Food and Drug Administration (FDA), o Pasurta (erenumabe). O medicamento é o primeiro biológico anticorpo monoclonal totalmente humano desenvolvido especificamente para localizar e bloquear os receptores do peptídeo relacionado com os genes de calcitonina (CGRP).
O tratamento é capaz de bloquear diretamente o ciclo da doença. O medicamento não mostrou quase nenhum efeito colateral e deve chegar ao Brasil no primeiro semestre de 2019. O remédio é injetável, e a seringa se assemelha à usada na aplicação de insulina, podendo ser usada pelo próprio paciente — na barriga, no braço ou na perna.
Os novos medicamentos podem ser um alento para quem tem crises de enxaqueca, mas por serem tratamentos profiláticos, não são a cura nem a solução, e sim uma forma de tentar evitar as crises de enxaqueca.
“Existem critérios para receitar esse tipo de medicamento. Quem sofre enxaquecas com muita frequência, que têm dores incapacitantes ou pacientes que fazem uso abusivo de analgésicos são os que mais se beneficiam com esses remédios”, explica o neurologista Paulo Christo.