Uma carta assinada por 105 hospitais privados em todo o país informou não ser mais possível garantir o cuidado a pacientes a partir desta segunda-feira (28) se a paralisação deflagrada por caminhoneiros e empresários do setor continuar. A nota foi enviada pela Associação Nacional dos Hospitais Privados (ANAHP) no fim da tarde de domingo (27).
A entidade orienta que pacientes procurem cada hospital para obter informações sobre o atendimento.
Instituições informam sobre a falta de medicamentos essenciais, como para o tratamento de quimioterapia e de diálise. De modo geral, todos os serviços dos hospitais -- da limpeza ao tratamento -- estão afetados.
"A partir de amanhã [segunda], muitos hospitais não conseguirão mais garantir o acesso e a continuidade do cuidado dos pacientes que necessitarem de tratamento, se nenhuma medida imediata for adotada", diz a carta.
A carta dos hospitais privados é assinada por hospitais de referência, como o A.C.Camargo Cancer Center, especializado no tratamento de câncer em São Paulo, e os hospitais Sírio-Libanês e o Israelita Albert Einstein. Também assinaram o documento o Hospital Adventista de Manaus, o Hospital Copa D'Or (RJ), Hospital São Lucas (SE), Santa Casa de Misericórdia de Maceió, dentre outros.
No SUS, o Ministério da Saúde informou que o atendimento nas unidades é de responsabilidade das secretarias municipais e estaduais. Quanto aos medicamentos e vacinas fornecidos pela pasta, o ministério informa que todos os pedidos foram entregues entre quarta (23) e quinta-feira (24) e que espera o fim da paralisação garanta a entrega nos próximos dias.
Já os hospitais privados disseram que não há garantia de atendimento e exorta que autoridades e grevistas entendam a gravidade do problema.
"Alertamos que autoridades de governo e movimento grevista entendam a gravidade do problema e intercedam pela sua solução, adotando imediatamente as ações necessárias para evitar a paralisação dos hospitais", disse a nota.
Como motivação para o alerta, a associação também cita grande dificuldade de acesso dos médicos e demais funcionários dos hospitais para chegarem às instituições "o que dificulta, e por vezes impede o atendimento aos pacientes".
"Também há escassez de alimentos para a dieta dos pacientes internados; ambulâncias paradas por conta da falta de combustível; escassez de rouparia limpa nas instituições, uma vez que grande parte dos hospitais terceiriza o serviço de lavanderia; e problemas no recolhimento do lixo hospitalar", continua a carta.
Paralisação afeta todo o setor de saúde
Na sexta-feira (25), diversas entidades já haviam alertado para o problema na saúde. Há o desabastecimento de farmácias, cirgurgias não emergenciais foram canceladas e há problemas para a realização de exames. Estoques de oxigênio estão no fim e ambulâncias estão paradas.
A carta da entidade no fim da tarde de domingo (25) reforçou o já dito anteriormente, e avisou sobre medicamentos e estoques de sangue.
"Além da falta de insumos aos hospitais em todo Brasil, como já reportado anteriormente, depara-se também com a falta de medicamentos essenciais para o tratamento dos pacientes, como por exemplo, quimioterápicos e produtos para diálise", diz a nota.
"É extremamente preocupante o estoque de sangue nos bancos de sangue dos hospitais, uma vez que a escassez de transporte impede a doação", continuou.