O esforço concentrado para se garantir a proteção contra o sarampo e a poliomielite não surtiu efeito. Mesmo após 29 dias de campanha e duas mobilizações nacionais, com os postos de saúde abertos aos sábados, a meta de cobertura vacinal contra as doenças segue abaixo do esperado. A situação obrigou as autoridades a prorrogar, novamente, a ação.
No caso da paralisia infantil, o índice está em 81% e no sarampo, 83%. Os números preocupam especialistas, já que o preconizado pelo Ministério da Saúde é de 95% para os menores de 5 anos.
Em Belo Horizonte, a vacinação prossegue até quinta-feira. Na corrida contra o tempo, a prefeitura também ampliou a imunização nas Unidades Municipais de Educação Infantil (Umeis). Ontem, a medida foi iniciada nas instituições da região Centro-Sul.
Apesar de a imunização estar disponível durante todo o ano na rede pública, médicos afirmam que quanto antes o público-alvo receber as doses, melhor. “O sarampo, por exemplo, não perdoa. O vírus não fica quieto em apenas um local, mas ele só entra onde não há alta cobertura”, afirma o médico José Geraldo Leite Ribeiro, secretário do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Ele lembra que no Brasil pessoas já foram infectadas pela doença neste ano. Segundo o Ministério da Saúde, até 28 de agosto, são 1.553 casos confirmados no Amazonas e em Roraima. Outros 6.975 são investigados nos dois estados.
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José Geraldo ressalta que a campanha de vacinação foi amplamente divulgada. “Não é possível que pai e mãe que vivem em alguma cidade não saibam dos riscos e da necessidade de proteger os filhos”, pontua. Nesses casos, o médico defende que o poder público busque ativamente imunizar o grupo prioritário.
É o que a Secretaria de Saúde de Belo Horizonte (SMSA) garante fazer. Na tentativa de ampliar a cobertura, a pasta expandiu a aplicação das doses contra sarampo e pólio para as Umeis de outras sete regionais de BH. As ações, iniciadas em 23 de agosto em instituições da zona Oeste da cidade, abrangem cerca de 80 unidades.
No entanto, só é imunizado o aluno que apresentar a autorização assinada pelos pais ou responsáveis. A assessoria da pasta garante que todas as famílias estão sendo comunicadas.
Ainda segundo a SMSA, somente as Umeis do Barreiro não entraram na mobilização. Por lá, o entendimento era de que, pelos números, ainda não seria necessário levar as doses para dentro das instituições de ensino.
Dia D
Em todo o Estado, segundo dados do Ministério da Saúde, a cobertura tanto do sarampo quanto da poliomielite chegou a 89,3% após o Dia D, realizado no último sábado. Balanço da pasta aponta que até ontem, no Estado, exatas 917.395 crianças foram protegidas contra a paralisia infantil e 918.054 contra o sarampo.
Embora tenham ficado fora da mobilização no fim de semana, os adultos podem ser imunizados de segunda a sexta-feira em qualquer centro de saúde, das 9h às 17h, garantiu a Secretaria de Saúde de BH.
Relatos dão conta de pessoas mais velhas que estiveram em alguns postos da capital e não foram imunizadas. Em nota, a SMSA informou que campanhas como a do Dia D atendem, exclusivamente, quem faz parte do público-alvo. Nesse caso, somente as crianças menores de 5 anos receberam as doses.