FUNCIONALISMO

A tensão entre o governador Romeu Zema (Novo) e os servidores públicos mineiros, principalmente da área da segurança, ganhou mais um capítulo nesta segunda-feira. Em entrevista, o governador disse que quem não estiver satisfeito no setor público pode ir para o setor privado. 

"O setor público existe para levar melhor serviço público para cidadão e não ficar beneficiando uma casta de privilegiados. Se alguém acha que o setor público não paga tão bem, pode seguir carreira no setor privado", afirmou Zema, em entrevista ao programa Direto ao Ponto, da rádio Jovem Pan. Zema havia sido questionado se é possível mudar a "cultura" de "sempre extrair um pouco mais", que uma "elite do funcionalismo" mantém. 

A declaração causou revolta dos representantes da Segurança Pública, que afirmaram que Zema teria dito que o grupo só ameaça. "Ele voltou a desafiar a polícia, falando que só ameaça, mas que não faz greve, que não para. Mais um tapa na cara de toda a tropa da Segurança Pública", disse o deputado estadual Sargento Rodrigues (PL-MG), em vídeo postado em suas redes sociais. Rodrigues completou conclamando os policiais a aderirem a uma paralisação. "Ou a gente para ou o governador vai continuar tripudiando em cima de todos nós", reclamou.

No último sábado (4/5), o governador disse que iria apresentar uma proposta de reajuste de 3,6% do salário dos servidores do estado. O valor está abaixo da inflação de 2023, que foi de 4,6% pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

A proposta não é vista como suficiente por sindicatos de policiais, que se queixam de perda salarial devido à falta de correção inflacionária nos últimos sete anos, que, segundo eles, chega a 41%.

Sargento Rodrigues também lembrou que, em maio do ano passado, Zema aumentou o próprio salário em 300%, levando os vencimentos para os atuais R$ 39.717, o equivalente a cerca de 28 salários-mínimos. Em fevereiro de 2025 o valor será novamente reajustado para R$ 41.845. "Casta é quem recebeu 300% de reajuste. Recebeu 151% de aumento real", disse o parlamentar estadual.

Durante a entrevista, Zema usou a história da própria família para embasar a sugestão para os "insatisfeitos" seguirem no caminho do setor privado. "Venho de uma família que sempre precisou trabalhar muito para se sustentar", disse Zema, que é bisneto do empresário Domingos Zema, fundador do Grupo Zema.

O Portal da Transparência de Minas Gerais aponta que 75% dos funcionários públicos, cerca de 275 mil pessoas, recebem até quatro salários-mínimos, o equivalente a R$ 5.656.

 

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