Não faltaram discussões e protestos nos debates sobre o reajuste salarial de 3,62% proposto pelo governo estadual aos servidores públicos ao longo de toda a semana na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Foi com presença constante de funcionários públicos, em especial o das forças de segurança, que o projeto que prevê um aumento dois terços inferior à inflação foi questionado diante dos parlamentares. Longe do parlamento, no entanto, o cenário é outro: Romeu Zema (Novo) negou o contato com manifestantes de diferentes maneiras, ora com truculência, ora com o cancelamento de agendas.

Nessa sexta-feira (24/5), até o início da tarde, a agenda oficial do governador tinha dois apontamentos para Patos de Minas, no Alto Paranaíba. Zema participaria do evento do aniversário de 132 anos da cidade às 12h45 e, às 14h, estaria na inauguração da nova estrutura da Santa Casa patense. A reportagem checou a agenda novamente por volta das 15h, e a página online marcava a ausência de compromissos oficiais para o chefe do Executivo mineiro.

O cancelamento dos compromissos foi recebido por servidores como forma de fugir de protestos por um percentual mais alto de reajuste salarial. Categoria mais participante da pauta das recomposições nos vencimentos, os agentes das forças de segurança anunciaram que estão mobilizados em todo o estado para seguir a agenda do governador e realizar manifestações em todas as aparições públicas de Zema.

“Todos os servidores da segurança aderiram à estratégia de fazer protestos onde o governador for. Vamos segui-lo por todo o estado, e ele já fugiu nas duas últimas manifestações que preparamos”, afirma o presidente da Associação dos Praças Policiais e dos Bombeiros Militares de Minas Gerais (Aspra-MG), subtenente Heder.

O militar se refere também a uma manifestação agendada para Uberlândia na quinta-feira (23/5). Agentes da segurança se mobilizaram para o que seria uma visita do governador ao centro de controle da EPR, concessionária responsável pela operação de estradas estaduais no Triângulo Mineiro. O governo estadual nega que o evento tenha constado na agenda oficial de Zema e não reconhece o folheto com o evento que circulou pelas redes sociais dos servidores.

Questionado pela reportagem sobre o motivo do cancelamento dos compromissos em Patos de Minas, o governo estadual disse que a agenda do governador Romeu Zema e do vice-governador Professor Mateus são atualizadas diariamente e podem sofrer alterações devido à dinâmica de seus compromissos oficiais e de demais autoridades envolvidas.

Início truculento

Se a semana foi encerrada com servidores protestando diante da ausência do governador, o início do período foi marcado por um confronto entre os agentes que faziam a segurança de Zema e os funcionários que protestavam em frente a um evento que contaria com a presença do chefe do Executivo.