Abraham Weintraub, ex-ministro da Educação do governo Bolsonaro, utilizou sua conta no Twitter para levantar questões sobre a investigação ilegal realizada pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que o espionou. Weintraub expressou sua indignação e disse que a "essência de Bolsonaro é sombria e má". Ele também alegou ter sido ameaçado na véspera de Natal. Weintraub caracterizou o "bolsonarismo" como uma lepra em suas publicações.

A Polícia Federal revelou que ministros do governo Bolsonaro e membros da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da covid foram alvo de espionagem por parte da chamada Abin paralela. Deputados federais que antes foram aliados do presidente Bolsonaro, como Kim Kataguiri e Alexandre Frota, também foram monitorados pelo programa Firstmile, conforme apurações. O ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia, também consta na lista de monitorados.

Os senadores alvo da espionagem incluem Otto Alencar, Rogério Carvalho, Omar Aziz, Humberto Costa, Alessandro Vieira, Renan Calheiros, Simone Tebet, Soraya Thronicke e Randolfe Rodrigues, todos membros da CPMI da covid. O monitoramento foi detalhado, com acesso aos números de telefone rastreados, totalizando mais de 60 mil acessos pelo programa espião.

Além dos parlamentares, governadores como João Dória, de São Paulo, e Camilo Santana, do Ceará, também foram alvos. Até mesmo o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luis Roberto Barroso foi monitorado, juntando-se a Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, outros dois ministros da suprema corte na lista. As investigações apontam que o monitoramento ilegal era comandado por Alexandre Ramagem, delegado da PF e ex-diretor da Abin, enquanto Carlos Bolsonaro, vereador do Rio de Janeiro e filho do ex-presidente, seria a cabeça do esquema.

Ambos negam qualquer participação no esquema e ainda não foram ouvidos pela Polícia Federal. O ministro Cristiano Zanin concedeu 10 dias ao Congresso para fornecer informações sobre a regulamentação do uso de programas que permitem o monitoramento de cidadãos pelo poder público. Enquanto isso, o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, aguarda do Supremo Tribunal Federal a lista completa de deputados e senadores vigiados ilegalmente.

 

Fonte: Brasil247