Parlamentares bolsonaristas intensificaram neste fim de semana a ofensiva internacional contra críticos do ex-presidente Jair Bolsonaro e do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O movimento ganhou força com ataques direcionados ao ator Wagner Moura e a outros artistas brasileiros.

O deputado Gustavo Gayer (PL-GO) publicou em suas redes sociais uma mensagem endereçada ao secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, e ao vice-secretário Christopher Landau, pedindo atenção especial às declarações de Moura.

O parlamentar acusou o ator de “apoiar Alexandre de Moraes, atacar Trump e dizer que os EUA agora são uma ditadura”. Em tom irônico, Gayer acrescentou: “Acho que vale a pena dar uma olhadinha nesse extremista”. A postagem foi acompanhada por uma entrevista do artista à BBC Brasil, na qual ele afirmou que os americanos estariam “com inveja” do Brasil pelo julgamento que resultou na condenação de Bolsonaro a 27 anos de prisão.

A ofensiva não se restringiu a Wagner Moura. O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) também recorreu às redes sociais para marcar autoridades dos EUA, sugerindo que o país avaliasse o cancelamento de vistos de influenciadores brasileiros críticos a Trump, como Whindersson Nunes e Pedro Certezas. A iniciativa integra uma estratégia mais ampla de setores bolsonaristas para mobilizar aliados republicanos no Congresso americano, tentando enquadrar opositores no Brasil como “extremistas” e pressionar por retaliações diplomáticas.

Enquanto é alvo de ataques políticos, Moura vive um momento de reconhecimento na carreira artística. Nesta segunda-feira (15/9), a Academia Brasileira de Cinema anunciou que o longa-metragem O Agente Secreto, protagonizado pelo ator e dirigido por Kleber Mendonça Filho, representará o Brasil na disputa pelo Oscar 2026 na categoria de Melhor Filme Internacional. A produção estreou no Festival de Cannes em maio, conquistando os prêmios de Melhor Direção e Melhor Ator, e já é apontada por veículos especializados, como a Variety, como uma possível indicada à premiação.

Ambientado em Recife no fim da década de 1970, o filme acompanha a trajetória de Marcelo, professor viúvo que tenta reconstruir a vida com o filho em meio às tensões políticas da ditadura. Além de Moura, o elenco conta com Maria Fernanda Cândido, Gabriel Leone, Isabél Zuaa e Alice Carvalho.

O duplo protagonismo de Wagner Moura — no centro do debate político e da cena cinematográfica internacional — expõe como o artista se tornou figura simbólica para disputas que atravessam não apenas o Brasil, mas também a arena global.