O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, criticou o advogado-geral da União, André Mendonça, durante julgamento na tarde desta quarta-feira (7) do recurso sobre a liberação de cultos presenciais na pandemia. 

Em sua manifestação, o ministro Gilmar Mendes apontou o desconhecimento do ex-ministro da Justiça sobre a política de transportes. "Quando sua excelência fala que do problema dos transportes do Brasil, especialmente dos transportes coletivos, e fala do problema do transporte aéreo, com a acumulação de pessoas, eu poderia ter entendido que sua excelência teria vindo agora para a tribuna do Supremo de uma viagem a Marte e estava descolado de qualquer responsabilidade institucional", afirmou Gilmar. 

"Mas sua excelência, fui verificar, era ministro da Justiça até recentemente, e que tinha responsabilidades institucionais, inclusive de propor medidas. À União cabe legislar sobre diretrizes da política nacional de transportes. Me parece que está havendo aí certo delírio deste contexto geral. é preciso que cada um de nós assuma sua responsabilidade", afirmou Gilmar Mendes. 


Além de mencionar o sistema de transportes, em sua manifestação, o ministro André Mendonça citou dados de suicídios em outros países relacionando isso à liberação ou não de frequentar espaços religiosos. E questionou se a decisão do STF dada em abril de 2020, garantindo a estados e municípios o direito de manterem suas regras de quarentena, questionando se isso seria um "cheque em branco".

Durante o julgamento, o procurador-geral da República Augusto Aras defendeu que a fé "também salva vidas" e que "o Estado é laico, mas as pessoas não são".