PALÁCIO DO PLANALTO

BRASÍLIA - Sem novas sinalizações de desembarque do ministro do Turismo, Celso Sabino, do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o União Brasil levará a expulsão do deputado federal licenciado do partido à Executiva nacional na próxima quarta-feira (8/10). A reunião foi anunciada pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), neste domingo (5/10).   

Cabe à Executiva, em última instância, analisar expulsões. “Após tratativas com o presidente Antonio de Rueda, comunico que está decidida a realização, na próxima quarta-feira, de reunião da Executiva nacional do União Brasil para decidir a expulsão do deputado Celso Sabino por reiterada infidelidade partidária”, anunciou o governador no X.

A Executiva nacional ainda avaliará a dissolução do diretório estadual do Pará, presidido justamente por Sabino. Integrante da Executiva nacional do União Brasil enquanto governador, Caiado atribuiu a ofensiva à necessidade de reestruturar os municípios “a fim de que o União Brasil seja comandado por quem realmente se posiciona contra o governo do PT e luta contra a venezuelição do nosso país”.

Inclinado a apoiar a candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), à presidência em 2026, o União Brasil exigiu a saída de filiados do governo até o último dia 19. Apesar de ter anunciado a saída do Ministério do Turismo há dez dias, Sabino segue na Esplanada. O ministro integrou a comitiva do presidente no Pará, seu reduto eleitoral, nos últimos dias.

A permanência de Sabino no Ministério do Turismo levou o União Brasil a instaurar uma apuração por suposta infidelidade partidária na última terça (30/9), quatro dias após o ministro anunciar o desembarque. Como mostrou O TEMPO Brasília, a expulsão avançaria caso o deputado federal licenciado não fosse desligado por Lula até a próxima terça (7/10).

Sabino está inclinado a permanecer no Ministério do Turismo porque deseja ser candidato ao Senado em 2026 no palanque de Lula. Na última quinta (2/10), em Belém, o ministro chegou a afirmar que “nenhum partido político, nenhum cargo e nenhuma ambição pessoal” vão afastá-lo do Estado. “Conte comigo onde quer que eu esteja para lhe apoiar e segurar sua mão”, disse, ao se direcionar ao presidente.

Embora o União Brasil ensaie o desembarque do governo Lula desde o anúncio da federação com o PP, a relação se esgarçou após o presidente da República ter se queixado das críticas públicas de Rueda em uma reunião ministerial em agosto. Ele ainda cobrou ministros do União Brasil e do PP a saírem em defesa do Palácio do Planalto publicamente. 

A gota d’água para o rompimento foi a aparição de Rueda em um relatório da Polícia Federal (PF) sobre o PCC. Em resposta ao governo Lula, o presidente do União Brasil chamou a citação de “ilações irresponsáveis e sem fundamento” e antecipou o prazo para que os filiados deixassem o Palácio do Planalto. A princípio, a data-limite era 30 de setembro.

Apesar da pressão do União Brasil sobre Sabino, os indicados pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), permanecerão no governo Lula. Os ministros da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, e das Comunicações, Frederico Siqueira Filho, não são filiados ao partido.