SÃO PAULO - A campanha da deputada federal Tabata Amaral (PDT-SP) pagou R$ 23 mil ao namorado dela, Daniel Alejandro Martínez Garcia, durante as eleições do ano passado. A informação foi revelada neste sábado (20) pelas revistas Veja e Exame.


Martínez Garcia, 24, é colombiano e foi colega da deputada na Universidade Harvard, onde ambos se formaram. A prestação de contas da campanha afirma que ele prestou serviços de análise estratégica para a candidatura de agosto a outubro de 2018, durante o período eleitoral.

A campanha de Tabata recebeu R$ 100 mil do fundo eleitoral público encaminhados pela direção nacional do PDT. Ao todo, a hoje deputada arrecadou quase R$ 1,3 milhão –a maior parte de doadores privados.

O valor pago a Martínez Garcia foi o quarto maior despendido pela campanha da pedetista a um colaborador pessoa física no ano passado. O contrato de prestação de serviços previa que ele trabalhasse todos os dias em um escritório no bairro Moema, na zona sul de São Paulo.

Não há irregularidade na contratação de parentes ou cônjuge com verbas eleitorais. Súmula vinculante expedida pelo Supremo Tribunal Federal veda a nomeação deles em cargos comissionados.

Tabata, que é colunista da Folha de S.Paulo, fez campanha no ano passado com discurso de renovação e também no mandato prega a mudança de práticas políticas. Ela é cofundadora do movimento Acredito, criado para incentivar novas lideranças, e recebeu o apoio do RenovaBR, programa que bancou candidaturas de novatos pelo país no ano passado.

À revista Tabata afirmou apenas que a sua campanha cumpriu as leis eleitorais "na contratação de seus serviços e pessoas" e que todas as informações a respeito são públicas. 

Procurada pela reportagem, a deputada, por meio de sua assessoria, disse que não comentaria o assunto.

a eleição de 2018, ela foi a sexta deputada federal mais votada em São Paulo. Após a publicação da reportagem pelas revistas, o coordenador nacional do Acredito, Samuel Melo, divulgou texto defendendo a deputada. Disse que o namorado dela fazia a gestão, atendimento e mobilização de mais de mil voluntários na candidatura, além de elaborar banco de dados sobre bairros e cidades do estado. 

Estreante na política, Tabata, 25, teve na semana passada suas funções partidárias suspensas pelo PDT, assim como outros sete deputados federais, por ter votado a favor da reforma da Previdência. Ela e os sete colegas são também alvo de processos da direção do partido.

A decisão de contrariar a determinação da legenda provocou uma série de críticas do principal líder do partido, o ex-presidenciável Ciro Gomes, que defendeu que a deputada deixe a sigla.