Procuradores da Lava Jato em Curitiba (PR) montaram uma espécie de sociedade com o advogado de acionistas minoritários da Petrobrás para os dois grupos ganharem dinheiro da estatal. De acordo com a última revelação do Intercept Brasil, em parceira com o El País, em 3 de maio de 2017 a procuradora de São Paulo Thaméa Danelon contou ao da capital paranense Deltan Dallagnol, que haviam solicitado a ela ajuda para escrever um pedido de impeachment de Gilmar Mendes, juiz do STF. A solicitação era de Modesto Carvalhosa, advogado de acionistas minoritários da Petrobrás. Respostas de Dallagnol à colega: "Sensacional Tamis", "manda ver", "apoiadíssima".

De acordo com o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), os procuradores serão chamados para depor na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara. “Vamos ter notícia em breve, os procuradores do acordo vão ser chamados”, disse Barros em entrevista à Carta Capital. 

Um ano e meio depois da conversa secreta, a força-tarefa da Lava Jato e os clientes de Carvalhosa teriam ganhos financeiros por causa do acordo feito entre a Petrobrás e a força-tarefa de Curitiba com autoridades americanas. A petroleira aceitou pagar uma multa de US$ 853 milhões para se livrar de processos nos Estados Unidos.

Conforme a proposta, 80% do valor total (US$ 682 milhões, ou R$ 2,7 bilhões em valores atuais), seria paga no Brasil, devido a um acerto do Ministério Público Federal (MPF) com os americanos. Dos quase US$ 700 milhões, metade iria para combate à corrupção e metade ficaria guardada para pagar acionistas que ganhassem ações judiciais contra a Petrobras.

Em 19 de março deste ano, o site especializado em temas jurídicos, o Conjur, escreveu que Carvalhosa e a Lava Jato eram "sócios". "Eles são sócios no negócio de 2,5 bilhões de reais da Petrobras que pretendem empalmar com a criação de uma fundação administrada pelos procuradores da República de Curitiba", disse o texto.

O Supremo Tribunal Federal barrou o acordo entre a Petrobrás e a Lava Jato. 


Após uma reunião em maio e de outra em agosto entre o ministro do STF Alexandre Moraes, o MPF, órgãos do governo e a Câmara dos Deputados, ficou decidido que o dinheiro a ser pago pela Petrobrs aqui no Brasil será aplicado em educação (R$ 1,3 bilhão) e na proteção da Amazônia (R$ 1,2 bilhão).