As nuvens baixas em Minas Gerais sobram também no cenário da esquerda para a eleição ao Senado em 2026. Ao menos em parte, o motivo é a indefinição do senador Rodrigo Pacheco (PSD) sobre uma possível candidatura ao governo do estado, o que poderia facilitar a ocupação das duas vagas para a Casa Alta do Congresso Nacional. 

A possibilidade de migração do senador para outro partido também é um ponto que ajuda a protelar a montagem completa da chapa. Pacheco é o nome preferido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Minas Gerais. 

O estado é o segundo maior colégio eleitoral do Brasil, atrás apenas de São Paulo, tendo, portanto, participação estratégica para o próprio Lula, que deve se candidatar à reeleição no ano que vem. Um nome citado como possível concorrente a uma das vagas ao Senado pelo partido é o da prefeita de Contagem, Marília Campos.

A cidade, localizada na Grande Belo Horizonte, vem sendo destino constante de Lula em suas visitas a Minas Gerais, sempre com a presença de Pacheco. A viagem mais recente do presidente ao município foi em 29 de agosto, para entrega de trecho de uma avenida, obra realizada com recursos do governo federal. Outra visita de Lula à cidade ocorreu em 12 de junho, em agenda articulada pelo próprio Pacheco.

Além de Marília, que também ainda não definiu se poderá deixar a prefeitura para disputar o Senado, o PT trabalha com a possibilidade de lançar o deputado federal Reginaldo Lopes como nome ao Senado.

A outra vaga na chapa poderia ficar com o hoje ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), mas que também pode não continuar no partido caso Pacheco deixe a legenda. 

A presidente estadual do PT, deputada Leninha, afirma que a ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, é outro possível nome para a vaga ao Senado pela esquerda. Leninha trata a candidatura de Pacheco ao governo como plano A do PT em Minas. “Gostaríamos de apoiar o Pacheco, caso ele decida disputar. Se ele não vier (para a corrida ao Palácio Tiradentes), devemos apoiar a indicação do Lula para Minas”.

Conforme a dirigente, a estratégia do partido ao montar a chapa leva em conta o melhor palanque para Lula no estado.

Tradicional aliado do PT, o PDT já tem um possível candidato ao Senado, o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil, que se filiou à legenda no mês passado. O novo integrante da sigla, no entanto, vem dando declarações de que pretende não estar ligado nem à esquerda, nem à direita no ano que vem. 

A deputada federal Duda Salabert, principal liderança do partido em Minas, afirma que Kalil pode se candidatar ao Senado ou, ainda, ao Palácio Tiradentes.

“O ex-prefeito tem figurado em primeiro ou segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto ao governo do Estado. É um grande nome da política mineira que mexe no tabuleiro para 2026. Agora temos que conversar com outras forças”, disse Duda, que também é cotada para a disputa pelo Senado. A parlamentar frisou ser importante que os partidos apoiadores do presidente Lula estejam unidos em 2026.

Senadores têm prerrogativas e eleição diferentes

A eleição para o Senado é majoritária, ou seja, o candidato vitorioso é o que consegue mais votos. É diferente da disputa para a Câmara Federal, cujos ocupantes são definidos de acordo com o número de votos alcançados pelos candidatos, mas que leva em consideração o coeficiente eleitoral, encontrado a partir da divisão dos sufrágios conquistados pelo número de cadeiras na Casa.

A escolha para o Senado ocorre da mesma forma, portanto, da realizada para os pleitos de presidente, governadores e prefeitos. Cada estado e o Distrito Federal têm três senadores. O mandato tem duração de oito anos. As eleições para a Casa acontecem de quatro em quatro anos. Por essa regra, o Senado renova, alternadamente, um terço e dois terços de suas 81 cadeiras a cada pleito.

O Senado, assim como a Câmara, funciona em legislaturas, que duram quatro anos. A cada ano, ocorre uma sessão legislativa ordinária, em dois períodos: de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro, conforme informações da Agência Senado. 

Senadores têm funções próprias, dentre as quais analisar crimes de responsabilidade por parte do presidente da República ou ministros de Estado. Na Câmara ocorre apenas a abertura dessas ações.

Nos casos de crimes de responsabilidade, ou conexos, envolvendo comandantes do Exército, Aeronáutica e Marinha, bem como de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do procurador-geral da República, o processo e julgamento ocorrem apenas no Senado. 

Também cabe aos senadores a função de aprovar nomes indicados ao STF, ao cargo de procurador-geral da República e de presidentes e diretores do Banco Central.

Pequenos também ainda avaliam possíveis nomes

Partidos de menor porte no campo da esquerda também não têm um cenário claro sobre nomes a serem lançados ao Senado por Minas em 2026. No PCO, até o momento, a única certeza é que o presidente nacional do partido, Rui Costa Pimenta, será candidato a presidente. “A intenção é lançar o maior número possível de candidatos em todo o país, mas ainda não há uma definição sobre nomes e composição de chapas em Minas”, afirma Sebastião Pessoa, que integra os quadros da legenda no estado.

O PSOL, partido em crescimento no estado que conta atualmente com três vereadoras na Câmara de BH e uma deputada estadual, estuda o lançamento para o Senado da ex-deputada federal e também ex-vereadora pela capital mineira Áurea Carolina.

Afastada da política, ela foi a mais votada entre os candidatos ao Poder Legislativo de BH em 2016, com 17.420 votos. Em 2018, se candidatou a deputada federal e teve a quinta maior votação entre os concorrentes a vagas na Câmara em Brasília.